TAP: o futuro e as polémicas

Audição de Galamba: "Quanto mais ele se meter na questão da coboiada no Ministério, pior"

A opinião de Martim Silva, diretor-adjunto do Expresso, sobre os últimos acontecimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP e o que seria importante esclarecer na audição de Galamba.

SIC Notícias

João Galamba é ouvido hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP. O ministro das infraestruturas deverá responder às acusações feitas ontem por Frederico Pinheiro e explicar as várias contradições das últimas semanas sobre a reunião preparatória com a ex-CEO da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener. Martim Silva, diretor-adjunto do Expresso, comenta o que se passou ontem na CPI e o que seria desejável na audição de João Galamba.

Esta quarta-feira um dia longo na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, foram 12 horas de audições com versões inteiramente contrárias.

Nos últimos desenvolvimentos da CPI, Martim Silva destaca três ordens de razões essenciais:

1 - “É uma Comissão de Inquérito à gestão da TAP, mas neste folhetim estamos a assistir à temporada Galamba, e na medida em que o ministro Galamba tutela a TAP desde janeiro, não tem nada que ver com a gestão da TAP propriamente dita. O que assistimos é uma espécie de interregno na comissão em que não se trata da gestão da TAP, mas de outros fatores, nomeadamente o funcionamento do Governo, dos Ministérios, a relação dos Ministérios com o Parlamento e depois, finalmente, a relação do Governo e do Estado com os serviços de informações, vulgo os espiões da República”.

2 - "Ponto politicamente menos relevante. Acontecimentos deploráveis no Ministério das Infraestruturas que, manifestamente, são casos de polícia e nem sequer são casos de polícia propriamente de colarinho branco ou particularmente difíceis. Trata-se de perceber se houve sequestro ou não, quem agarrou na mochila de quem, quem agrediu quem... esse é o conjunto de factos com mais folclore, mas politicamente serão os menos relevantes".

3 - "Há um terceiro ponto, que do ponto de vista do Estado é o mais gravoso, mas que também não tem nada que ver com a TAP e nem sequer tem nada que ver com a CPI, que é a atuação dos serviços de informação, vulgo os espiões da República."

O diretor-adjunto do Expresso considera ainda que é importante esclarecer se houve mesmo ameaças ao ex-assessor por parte do ministro e dos serviços de informações, cuja a atuação precisa de ser detalhada.

"Em que medida é que o Governo usa e abusa e dispões dos serviços de informações da República a seu belo prazer, é uma matéria particularmente delicada, uma vez mais não tem que ver com o âmbito desta comissão inquérito, é uma matéria que ela própria é trazida pelo ministro João Galamba, uma vez mais é um caso criado pelo ministro João Galamba e um caso do qual o Governo não se consegue livrar e que pode revelar um funcionamento perigoso, uma ligação perigosa entre o Governo e serviços do Estado."

O que é importante esclarecer hoje?

Sobre a audição de João Galamba, que Martim Silva considera que "objetivamente, já não é o ministro das Infraestruturas", o diretor-adjunto do Expresso realça que "tem que conseguir esclarecer cabalmente que não pretendeu ocultar qualquer informação do Parlamento ou da Comissão de Inquérito".

"Quanto mais Galamba entrar na luta da lama, das agressões, pior para si. Quanto mais ele se meter na questão da coboiada naquela noite no Ministério pior porque isso é matéria policial", diz Martim Silva, e lembra que "a questão da utilização dos serviços de informações é um ponto muito sensível nas respostas que João Galamba terá que dar neste folhetim no qual o Governo dificilmente tem forma de sair bem".

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