TAP: o futuro e as polémicas

Chefe de gabinete de Galamba diz que não pediu autorização prévia para contactar SIRP

A chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas, João Galamba, explicou a sua versão dos acontecimentos no Ministério das Infraestruturas, assim como o envolvimento do SIRP.

ANTÓNIO COTRIM

SIC Notícias

Lusa

A chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas disse na audição na comissão de inquérito à TAP, na noite de quarta-feira, que não pediu autorização prévia a João Galamba para contactar o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) na noite de 26 de abril.

"Não pedi autorização ao senhor ministro previamente ao contacto que fiz com o SIRP", afirmou Eugénia Correia.

A audição de Eugénia Correia durou mais de seis horas, depois da audição, com duração semelhante, do ex-adjunto Frederico Pinheiro.

A chefe de gabinete de João Galamba disse ainda que ligou ao secretariado às 21:54 para pedir a chamada para o SIRP, momentos depois do caso que envolveu a saída do ex-adjunto do Ministério com o computador de serviço.

Esta audição foi marcada por várias visões contraditórias, face às afirmações de Frederico Pinheiro, horas antes, na mesma sala.

Ameças e agressões

Questionada sobre o tom de João Galamba no telefonema feito a Frederico Pinheiro em que o despediu, uma vez que o ex-adjunto confirmou na sua audição que o ministro disse que se estivesse ao seu lado lhe dava dois 'socos', Eugénia Correia referiu que ouviu "o ministro a falar tranquilamente com Frederico Pinheiro", embora não tenha acompanhado a totalidade da conversa porque também estava ao telefone.

Ficheiro informático e telemóvel

Questionada pelo deputado do PS Bruno Aragão sobre o ficheiro informático das notas do ex-adjunto tiradas na reunião preparatória do grupo parlamentar socialista com a ex-presidente executiva da TAP, na véspera da audição na comissão de economia, em janeiro, Eugénia Correia afirmou que Frederico Pinheiro se recusou a entregar um ficheiro Word à técnica Cátia Rosas, do gabinete do ministro.

Quanto à intervenção no telemóvel de serviço de Frederico Pinheiro, para tentar recuperar comunicações trocadas com a ex-presidente executiva da TAP e que o ex-adjunto disse que levou a um 'apagão' das sua mensagens, Eugénia Correia afirmou que a intervenção foi feita com o ex-adjunto a mexer no seu telemóvel, seguindo indicações do técnico informático que estava ao seu lado.

"O doutor Frederico estava sentado na sua secretária com o telemóvel na mão e estava de pé junto a ele o informático a dar-lhe indicação de como instalar o programa que tentaria fazer a recuperação de uma coisa que não sabíamos se existia, a recuperação de mensagens trocadas com a senhora presidente da Comissão Executiva da TAP, para se tentar obter um comprovativo de que efetivamente tinha sido ela a solicitar a reunião", explicou.

A responsável disse que "as notas valem nada, porque no mínimo têm de ser aferidas pelos outros participantes" na reunião.

"Se esta reunião não estivesse a ser gravada, eu amanhã podia escrever um papel dizendo que tinha acontecido isto e aquilo. O conteúdo tem de ser confirmado ou infirmado, o que for, porque ninguém que esteve naquela reunião confirma que aquilo foi assim, ou desconfirma também, [...] e foi esse alerta que deixei no meu ofício, porque eu não fui perguntar a ninguém se isto tinha confirmação ou não", apontou.

Eugénia Correia reiterou que Frederico Pinheiro não foi despedido porque tinha notas, mas sim "por ter mentido com quatro testemunhas".

E-mail enviado à TAP e comunicado enviado à Lusa

Confrontada pelo deputado Paulo Rios de Oliveira, do PSD, sobre um email enviado por si à TAP sobre a não realização de uma conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2022, já depois do anúncio da intenção de exonerar os presidentes da companhia, a chefe de gabinete considerou que não foi dada uma ordem para que a conferência não acontecesse, mas sim uma opinião de que não devia acontecer.

Questionada ainda sobre um comunicado enviado à Lusa por cinco elementos do gabinete, incluindo a própria, a acusar Frederico Pinheiro de mentir na audição que ainda decorria, a chefe de gabinete começou por dizer que não tinha lido o referido comunicado e que não estava assinado por si.

Mais tarde, após uma pausa, Eugénia Correia (que prefere este nome apesar de o comunicado referir Eugénia Cabaço) disse que, quando questionada inicialmente, tinha percebido que se tratava de uma assinatura com o seu punho e não a referência ao seu nome, esclarecendo que já tinha tido oportunidade de o ler e que subscrevia "integralmente" o seu conteúdo.

Na reta final da audição, já na terceira ronda, Eugénia Correia confirmou em resposta a Hugo Carneiro, do PSD, que tinha trocado impressões com João Galamba sobre esta inquirição, mas não para qualquer condicionamento ou combinação de respostas.

"Sobre a inquirição, eu não estive a ler respostas, eu não sabia as perguntas que me iam fazer", realçou.

Últimas