O Papa Francisco diz ser para muitos uma pedra no sapato, mas reconhece que há limites às reformas que pode fazer na Igreja. O líder da Igreja Católica revelou ainda um conselho que recebeu antes de assumir o pontificado.
Numa entrevista à revista literária espanhola Vida Nueva Digital, gravada antes de rumar a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o líder católico volta a insistir numa igreja de periferia, que aceite até transsexuais, admitindo que essa visão pode desagradar a muitos.
Sobre uma eventual reforma na Igreja, o Papa fala na necessidade de mudança, mas sem cair na tentação de ser omnipotente e mudar tudo de uma vez.
“Quando fazemos reformas saem-nos instintivamente, não? Temos de ver até onde podemos ir, até onde podemos ou não passar o limite. É uma incapacidade. E penso que isso é bom porque isso evita criar um deus ou alguém todo-poderoso. (…) Sei que sou uma pedra no sapato para mais do que uma pessoa. Então, de alguma forma, vão ter de suportar a dor que causa a pedra, não é?”, afirmou o Sumo Pontífice.
Francisco abordou também a questão dos transexuais, que já causou polémica na JMJ, e revelou que lhe "atiram à cara" que recebe transexuais nas audiências gerais.
O líder da Igreja Católica disse que quem costuma levar transexuais às audiências é uma monja francesa que pertence à fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, fundadas por Charles de Foucauld, que vive num circo e se dedica aos transexuais.
"Da primeira vez que as trouxe, as raparigas saíram a chorar. Deram-me a mão e disseram: 'Dei a mão ao Papa e deu-me um beijo'. Vocês são filhas de Deus: (...) continua a amar-vos como são", referiu o Papa.
O Papa disse também que o Vaticano pretende nomear um representante permanente que "faça a ponte" entre Moscovo e Kiev a propósito do regresso de crianças ucranianas deportadas. Francisco pediu também atenção a outras guerras frequentemente esquecidas, como as que afligem os povos do Iémen e da Síria.
Francisco partilhou ainda a história de uma idosa que conheceu quando soube que poderia vir a ser o próximo Papa e revelou o conselho que dela recebeu.