O encontro entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos está marcado para esta tarde, às 15:00, e acontece ao fim de várias trocas de acusações e comunicados entre partidos. O chefe de Governo e o líder do PS vão conversar pela primeira vez, a sós, e sem comitivas presentes. Um dos pontos de discórdia no Orçamento do Estado (OE) é o IRS Jovem. Na opinião de Bruno Costa, se Luís Montenegro deixar cair essa medida, "terá de encontrar uma alternativa para compensar junto de outros setores ou junto de outras políticas que o Governo possa aplicar precisamente para favorecer um eleitorado mais mais jovem".
O primeiro-ministro manifestou a intenção de esgotar a margem negocial até ao limite, o que pode significar deixar cair o IRS jovem. O politólogo Bruno Costa admite essa hipótese, mas lembra: “É uma medida emblemática, foi utilizada nos últimos discursos, na última campanha como emblemática do PSD, parece-me que haveria pouca vontade de chegar a um acordo”.
"Creio que o primeiro-ministro coloca aqui em cima da mesa essa possibilidade de deixar cair uma medida como o IRS Jovem que gera inclusivamente alguma reação junto da sociedade civil em virtude da desigualdade de tratamento dos dos contribuintes em virtude aqui do fator da idade, mas creio que o primeiro-ministro terá de encontrar aqui uma alternativa para compensar esta medida junto de outros setores ou junto de outras políticas que o Governo possa aplicar precisamente para favorecer um eleitorado mais mais jovem", explica o politólogo.
Bruno Costa considera muito estranho que toda esta negociação esteja em torno de uma ou de duas medidas. Em seu entender essa deveria ser uma análise de “âmbito técnico, ou seja, das equipas de apoio de Pedro Nuno Santos e de de Luís Montenegro, e não o cerne de um diálogo de de uma negociação entre os dois líderes políticos”.
“A negociação teria de ser muito mais abrangente, ou seja, uma visão geral para o país que os dois líderes, que os dois partidos, apresentam”, defende.
Do lado do PS, o politólogo sublinha que há aqui múltiplas sensibilidades:
“Uma delas que me parece a mais visível ou a mais mediática é precisamente a aprovação ou pelo menos deixar passar o OE através de uma abstenção, mas sem negociação, porque o PS ao correr o risco de negociar, se envolver precisamente na determinação das medidas, assume uma corresponsabilidade”.
O líder do Chega voltou a reforçar o voto contra o OE se o Governo realmente avançar com entendimentos com a esquerda.
O Orçamento do Estado tem de ser apresentado ao Parlamento até dia 10 de outubro.