A ministra da Defesa admitiu, em entrevista à SIC Notícias esta segunda-feira, que há um problema “estrutural” de recrutamento e retenção de militares nas Forças Armadas.
Helena Carreiras reconhece que o salário baixo é uma das razões que contribui para o problema. Ainda assim, e apesar de garantir que o tema estar na agenda, afirma não haver oportunidade, neste momento, para aumentos.
Salário mínimo para quem entra nas Forças Armadas
Questionada sobre os salários baixos, a ministra da Defesa diz que “aqueles que se candidatam conhecem as condições”. Apesar de quem entra nas Forças Armadas começar por ganhar o ordenado mínimo, a governante garante que o problema não está no número de candidaturas, mas sim na retenção de militares.
“O que leva os jovens a não ficar é a perceção de falta de valorização profissional e de qualificações”, explica.
Mas, então, para quando uma revisão aos salários? A ministra diz que não há, neste momento, “oportunidade de o fazer”. Ainda assim, garante que é um assunto que está numa eventual agenda para o próximo ano.
“Não é uma medida que diga respeito apenas às Forças Armadas. Tem muito a ver com o que se passa na administração pública. Não é um problema específico das Forças Armadas”, defende.
Será este um Orçamento feito a pensar num conflito armado?
Helena Carreiras garante que o Orçamento para a Defesa permite cumprir todos os compromissos assumidos no quadro da NATO, nomeadamente no que diz respeito às missões em curso no flanco leste da Aliança.
Sobre uma possível expansão do conflito, a ministra garante que há no Orçamento “consciência de que novos pedidos possam acontecer” ao abrigo da NATO.
“Esse é o compromisso, a nossa vontade é que vai ser possível contribuir para o esforço do coletivo de contenção e dissuasão”, afirma.
O orçamento para a Defesa contempla menos 800 milhões de euros do que o documento chumbado no final do ano passado. Helena Carreiras reafirma que a diferença é porque há menos uma secretaria de Estado.
Quase 30.000 militares: o efetivo das Forças Armadas
Portugal tem, neste momento, um efetivo de cerca de 29.900 militares nas Forças Armadas, número que inclui militares no ativo, reserva e em formação. Apesar de Helena Carreiras admitir ser o necessário, está “ainda longe do previsto”.
“Dados que temos sobre o Dia da Defesa Nacional dão-nos alguma garantia de que há uma percentagem significativa de jovens que afirmam que poderiam vir a aderir às Forças Armadas”, afirma.
Sobre o número de soldados e generais em particular, diz não ser “muito diferente de outros países com que nos comparamos na União Europeia, sobretudo nos rácios entre militares por população”. Ainda assim, admite um desequilíbrio entre as estruturas permanente e não permanente.
“Perdemos muitos soldados, mas isso não quer dizer que temos demasiados generais”, aponta.
Investir na modernização e nos equipamentos é uma das prioridades
Por fim, a ministra da Defesa admite que, a par do investimento nas pessoas, uma das apostas do Governo é a modernização e investimento nos equipamentos. Helena Carreiras admite que é preciso combater o défice de manutenção e operação.
“É uma tendência que vem de trás e que com o tempo se agrava”.
Para isso, são precisos projetos estruturantes para os quais o Plano de Recuperação e Resiliência vai contribuir.
“Sobretudo agora que estamos todos mais conscientes devido à guerra na Ucrânia. O PRR vai permitir desenvolver alguns projetos estruturantes para corresponder às missões e necessidades das nossas Forças Armadas”, conclui.
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