Mundo dos Animais

Investigadores criam suplemento revolucionário para combater declínio das abelhas

Uma equipa internacional de investigadores, incluindo um português, desenvolveu um suplemento alimentar para abelhas utilizando biotecnologia. Testado em colónias durante três meses, o suplemento mostrou resultados promissores e pode ser essencial para a sobrevivência das abelhas e a polinização das culturas.

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SIC Notícias

Um suplemento alimentar desenvolvido por por cientistas da Universidade de Oxford, em colaboração com os Jardins Botânicos Reais de Kew, a Universidade de Greenwich e a Universidade Técnica da Dinamarca pode vir a ser a solução para salvar o declínio das abelhas.

As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das culturas agrícolas em todo o mundo. No entanto, as mudanças climáticas e as práticas agrícolas intensivas têm reduzido a disponibilidade de flores, fragilizando colónias e levando muitos apicultores a recorrer a dietas artificiais. O problema é que esses suplementos, apesar de fornecerem energia, não contêm todos os nutrientes essenciais.

Para ultrapassar essa limitação, a equipa de investigadores, da qual faz parte Rui Gonçalves, natural de Ponte de Lima e atualmente a trabalhar no prestigiado Oxford Bee Laboratory, recorreu à biotecnologia e alterou geneticamente a levedura Yarrowia lipolytica para produzir uma mistura precisa de seis esteróis essenciais para as abelhas, ausentes nas dietas tradicionais.

“A nossa investigação mostra como a biologia sintética pode resolver desafios ecológicos reais,” afirmou a Professora Geraldine Wright, da Universidade de Oxford. “Criar um suplemento completo com esterois naturais seria logisticamente impossível — esta solução é acessível, segura e eficaz.”

O suplemento resultante foi testado em colónias durante três meses e revelou resultados bastante positivos. As abelhas que receberam a nova fórmula tiveram 15 vezes mais ‘bebés’ que cresceram até à idade adulta.

“Este suplemento pode representar uma verdadeira mudança de paradigma, especialmente em ambientes onde há escassez de recursos naturais para as abelhas,” comentou Danielle Downey, da organização sem fins lucrativos Project Apis m.

Os resultados, publicados na revista Nature, dão esperança a apicultores e ambientalistas. Embora sejam necessários ensaios em maior escala, estima-se que o suplemento possa chegar ao mercado dentro de dois anos.

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