Os investigadores portugueses estão preocupados com o futuro dos tubarões-baleia. Por um lado, é provável que se passe a ver mais destes peixes em Portugal, nomeadamente nos Açores. No entanto, prevê-se uma grande perda de habitat a nível global.
A janela de investigação que agora se abre para aquele que é o maior peixe do planeta estende-se até ao final deste século. Contudo, as perspetivas não são as melhores para uma espécie já em risco. A distribuição geográfica vai sofrer alterações. Os tubarões-baleia vão afastar-se mais da linha do Equador, movendo-se para norte ou para sul, fugindo, assim, ao aumento das temperaturas dos oceanos.
"À superfície, está mais ou menos reportado que eles toleram bem temperaturas entre os 19 e 34 graus. É claro que é um peixe que mergulha muito fundo, portanto, consegue atingir temperaturas muito baixas", explicou, à SIC, Lara Sousa, investigadora Wildcru, da Universidade de Oxford.
O tubarão-baleia alimenta-se, sobretudo, de plâncton e, portanto, também seguirá a procura de alimento, que varia conforme a temperatura da água. Nos últimos anos, tem sido avistado com mais frequência no arquipélago dos Açores, especialmente na ilha de Santa Maria. Este ano, tem sido visto até mais no grupo central, e espera-se que essa tendência continue.
No entanto, a perda de habitat no planeta será preocupante. Além disso, os novos locais de passagem da espécie serão, no futuro, mais coincidentes com as maiores rotas de tráfego marítimo. Atualmente, o risco de colisão e morte está já nos 16%.
O artigo que espelha estas preocupações foi publicado no início deste mês na Nature Climate Change. Os investigadores acreditam que a redução da velocidade dos cargueiros pode ajudar a evitar mortes destes animais, principalmente em áreas conhecidas pela passagem de tubarões-baleia.
Estima-se que existam atualmente entre 119 e 238 mil indivíduos em todo o planeta. O declínio da população nos últimos 75 anos situa-se algures entre os 40% e os 92%.
Universidade de Coimbra conclui que pandemia alterou o comportamento dos tubarões