O presidente da FIFA, Gianni Infantino, enviou uma carta às seleções que irão participar no Mundial do Qatar, onde pede aos dirigentes e jogadores que se “foquem no futebol” e não “arrastem” o desporto “para todas as batalhas ideológicas e políticas que existem”.
O Mundial de futebol que irá ter lugar no país do Médio Oriente é tudo menos consensual. Desde 2010, quando foi anunciado que a Nação iria organizar a prova, que têm surgido críticas e vozes de contestação contra a realização do torneio no país.
Segundo várias ONGs, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, milhares de trabalhadores envolvidos na preparação do Mundial morreram aos longo dos últimos 12 anos.
Para além disso, outra das matérias alvo de maior escrutínio, é a questão das leis discriminatórias que proíbem, por exemplo, relações homossexuais e que vigoram atualmente no país árabe.
Por estes e tantos outros motivos, várias personalidades ligadas ao futebol (e não só) têm expressado o seu desagrado para com a decisão da FIFA, ao ter atribuído ao Qatar a responsabilidade de acolher a mais importante competição de seleções. Muitos já anunciaram, inclusive, que irão boicotar esta edição do campeonato do mundo.
“Vamos focar-nos no futebol”
Motivado pela crescente onda de críticas, o presidente da FIFA, juntamente com a secretária-geral da competição, Fatma Samoura, escreveu uma carta dirigida a todas as federações que marcarão presença no Qatar em menos de três semanas.
Nesse texto, a que a Sky News teve acesso exclusivo, ambos admitem que “existem muitos desafios e dificuldades de natureza política em todo o mundo” mas que agora, durante a prova, as seleções não deveriam permitir "que o futebol seja arrastado para todas as batalhas ideológicas ou políticas que existam".
Apesar de não serem dirigidas ao país, estas palavras da tutela que regula o futebol mundial surgem na sequência do apelo feito pela Ucrânia à FIFA, para que o Irão fosse banido do torneio, por auxiliar a Rússia através do envio de armamento para o país.
O apoio das seleções à comunidade LGBTIQ+
Inglaterra, França, Alemanha e cinco outras nações europeias lançaram recentemente um apelo à FIFA para que os capitães de equipa utilizem, durante as partidas do Mundial, uma braçadeira multicolor, com o objetivo de alertar para a descriminação sentida pela comunidade homossexual no Qatar.
Não especificando nenhuma situação em particular, esta carta pode ser interpretada como uma advertência da FIFA para com todas as ações de ativismo semelhantes.
“Na FIFA, tentamos respeitar todas as opiniões e crenças, sem dar lições de moral ao resto do mundo. Uma das grandes forças do mundo é, de facto, a sua própria diversidade, e se a inclusão significa alguma coisa, significa ter respeito por essa diversidade. Nenhum povo, cultura ou nação é melhor que qualquer outro”, escreve Gianni Infantino na carta enviada às nações.
O presidente prossegue afirmando que “este princípio é a pedra angular do respeito mútuo e da tolerância” e que por essa razão “lembremo-nos todos disso e deixemos o futebol assumir o centro do palco”.
FIFA garante que toda a gente é bem-vinda ao Qatar
“Independentemente da origem, religião, sexo, orientação sexual ou nacionalidade”, todos aqueles que pretendam dirigir-se à nação que será palco de um dos maiores eventos desportivos do mundo serão “bem-vindos” e bem recebidos. Esta é a certeza deixada por Infantino e Samoura no texto.
Segundo os dirigentes, esta competição servirá para “unir o mundo através da linguagem do futebol”. Esta é uma das garantias da entidade internacional que pretende assim assegurar o respeito e a tolerância entre todos os visitantes do país.
O CEO do Mundial do Qatar, Nasser Al Khater, já tinha dito algo semelhante à Sky News. Numa mensagem de apoio à comunidade LGBTQ, AL Khater reiterou que os adeptos homossexuais serão bem recebidos e bem tratados no país, durante a competição.
Contudo, lembrou que as leis do Qatar relativamente a esta matéria são bastante explícitas e não serão colocadas de lado, durante os quase 30 dias de prova.
O campeonato do mundo tem início no próximo dia 20 de novembro e terminará a 18 de dezembro. Na luta pelo tão almejado troféu estarão 32 seleções, das quais faz parte Portugal. A seleção das quinas está inserida no grupo H, juntamente com o Gana, o Uruguai e a Coreia do Sul.