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JMJ: contado, ninguém acredita...

Opinião de Filipe Teixeira. É preciso cantar e sorrir enquanto se caminha, e, por vezes, tomar um banho de água fria para se poder dar valor ao que se tem. Contado, ninguém acredita.
PEDRO NUNES/REUTERS

Filipe Teixeira

Estiveram cerca de 200 mil peregrinos na Missa de Abertura, cinco mil profissionais da comunicação social acreditados, 354 mil peregrinos inscritos, mais de 25 mil voluntários ao serviço e até se estimam entregar mais de 2,7 milhões de refeições durante esta semana. Imagine-se!

Os números do primeiro dia da JMJ Lisboa 2023 deixam antever muito mais para os dias que se aproximam. E basta abrir a televisão ou - para os mais descrentes - sair à rua e comprovar. São imagens e sons que ficarão para sempre.

Contado, ninguém acredita. Ainda queremos falar do retorno do investimento?

Tal como quando Portugal mostrou “novos mundos ao mundo”, também agora o desafio é partir “apressadamente” e “não ansiosamente”, como foi recordado por D. Manuel Clemente na Missa de Abertura. É isto que a Igreja tem para propor e não impor.

Seria mais cómodo possibilitar uma JMJ ao gosto de cada um, com uma sombra e um lugar de estacionamento à porta do parque Tejo, mas não iria permitir a experiência que estes jovens já estão a viver.

É preciso cantar e sorrir enquanto se caminha, e, por vezes, tomar um banho de água fria para se poder dar valor ao que se tem. Contado, ninguém acredita.

O Papa Francisco nunca duvidou de que seria este o ambiente que iria encontrar ao chegar a Portugal. No seu primeiro discurso, Francisco aponta a cidade como ponto de partida para uma “mudança de ritmo”.

No seu palco, o Papa dá palco ao “descarte dos idosos” e “abandonados a si mesmos”, às “crianças não-nascidas” e ao “desamparo em que são deixadas muitas famílias com dificuldades para trazer ao mundo e fazer crescer os filhos”.

São realidades que dizem muito a Portugal.

Será que estamos realmente preparados para estendermos um tapete das exigências políticas que sejam capazes de “gerar esperança”? Até onde iria?

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