O judoca Jorge Fonseca conquistou esta quinta-feira o bronze na categoria de -100 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, ao bater o canadiano Shady Elnahas por waza-ari, alcançando a 25.ª medalha do desporto português em Jogos Olímpicos.
As imagens do combate que deu o bronze a Jorge Fonseca
Judoca queria mais
Jorge Fonseca disse no final do combate que não se contenta com o resultado de hoje. O judoca "queria mais”. “É saboroso, mas eu queria mais. Estou feliz, trabalhei para o ouro, era o grande objetivo. Infelizmente não deu, agora é trabalhar para o próximo”.
Fica para Paris 2024. O atleta diz que quer ser o melhor de todos os tempos no desporto nacional.
“Queria tanto ganhar esta medalha, estava muito aflito, não sabia o que fazer, estava desesperado. Mas tudo correu, graça a Deus, trabalhei bastante para essa prova, o meu objetivo era o ouro e agora é trabalhar para mais. São mais três anos e vou trabalhar para conquistar o ouro em Paris”, disse Jorge Fonseca.
Uma dedicatória "sarcástica"
Dedicou a medalha aos dirigentes da Adidas e da Puma porque lhe disseram que “não tinha estatuto para ser patrocinado".
No final da entrevista, voltou a dançar e disse: “a gente baila na mesma com o bronze. Viva Portugal, somos os maiores! Já precisávamos desta medalha, o desporto nacional está a evoluir bastante e precisamos de atletas como todos nós”.
O judoca já recebeu a medalha de bronze. Jorge Fonseca brincou no momento de receber o 'bronze', parecendo ter pedido para retirar uma de metal mais precioso, mas depois beijou a medalha e exibiu-a, antes da ascensão da bandeira portuguesa, não conseguindo depois conter as lágrimas.
O judoca do Sporting venceu o primeiro título mundial, a 30 de agosto de 2019, quando bateu na final o russo Niyaz Ilyasov, para se tornar no primeiro português campeão do mundo da modalidade, celebrando com uma animada dança no tatami.
Jorge Fonseca foi o primeiro e também o segundo português campeão do mundo, porque repetiu o feito a 11 de junho último, em Budapeste, onde derrotou, por ippon, o sérvio Aleksandar Kukolj, depois da interrupção competitiva e do adiamento dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, provocada pela pandemia de covid-19.
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O judoca contraiu o vírus da covid-19 em junho de 2020, antes de integrar um estágio da seleção portuguesa e prometeu:
"Continuo absolutamente determinado e focado nos meus objetivos desportivos, designadamente, na minha participação nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio, que, estou certo, não sairá prejudicada por este percalço".
Nascido em São Tomé e Príncipe, a 30 de outubro de 1992, Jorge Fonseca tinha perdido contra o coreano Gu-Ham Cho nas meias-finais. Contudo, começou o dia com um triunfo sobre o atual campeão da Europa, o belga Toma Nikiforov, em apenas 17 segundos. Avançou para as meias-finais ao derrotar o russo Niiaz Iliasov, num combate mais desgastante, decidido no golden score.
O ritmo, muito diferente da capacidade de explosão e repentismo nos combates, está no sangue, nas suas origens, em São Tomé e Príncipe, de onde partiu para Portugal aos 11 anos, com a mãe e o padrasto, para viver na Damaia, na Amadora, onde o seu treinador e antigo judoca Pedro Soares o descobriu para a modalidade.
Um linfoma numa perna diagnosticado em 2015 foi uma das grandes contrariedades na vida - superada com o ânimo do filho, agora com 11 anos -, enquanto não cumpre o sonho de se tornar polícia, até ao momento inviabilizado, primeiro por não ter concluído o ensino secundário, algo já ultrapassado com sucesso, mas agora devido ao limite de idade: é de 27.
Com 1,75 metros e os determinados 100 quilogramas, Jorge Fonseca foi exemplar esta quinta-feira, contrastando com o 17.º lugar alcançado na estreia olímpica no Rio 2016, conseguindo juntar-se ao restrito lote de portugueses com medalhas olímpicas.
Jorge Fonseca arrecadou a 25.ª medalha portuguesa em Jogos Olímpicos, a terceira de bronze do judo, depois Nuno Delgado, em Sydney 2000 (-81 kg), e Telma Monteiro, no Rio 2016 (-57 kg), perdurando a seca de títulos olímpicos, que dura desde 21 de agosto de 2008, quando Évora saltou 17,67, em Pequim.
O japonês Aaron Wolf ganhou a medalha de ouro nesta categoria.