Jornada Mundial da Juventude

A alegria no meio do "caos" na chegada da JMJ ao Parque Tejo

Chegar ao Parque Tejo, ou Campo da Graça, era por si só um desafio. Depois, os peregrinos partiam em busca do seu setor no meio de 1,5 milhões de pessoas. Tudo isto com mochilas pesadas às costas e a temperatura a rondar os 40ºC. Muitos foram os que se sentiram mal. As tendas ao longo do Parque iam servindo de enfermarias improvisadas. À frente, quem tinha a pulseira azul, estava bem, a cantar e a dançar.

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Ana Luísa Monteiro

Mafalda Ataíde

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) chegou, finalmente, ao Parque Tejo. O tão polémico palco-altar foi o foco da vigília com o Papa Francisco. Alguns peregrinos conseguiram estar bem perto, enquanto para outros a infraestrutura foi apenas um vislumbre. E, para quem assistiu à cerimónia em casa, através da internet ou televisão, foi possível ver um por-do-sol impressionante a cair sob Lisboa ao mesmo tempo que Francisco entrava em cena.

No entanto, tudo começou muito antes da chegada do Papa ao recinto. Os peregrinos, que até então só conheciam o Parque Eduardo VII, foram obrigados a orientar-se entre dezenas de setores, poeiras, enquanto carregavam pesadas bagagens. Uma missão que parecia quase impossível de executar com os termómetros a rondar os 40ºC.

Quando se olhava para longe, de Lisboa até Loures, os fiéis pareciam formigas. Não há imagem, estática ou em movimento, que consiga captar a dimensão do que os olhos viram. Uma multidão de 1,5 milhões de peregrinos que só procuravam um lugar para pousar o saco de cama e desenrolar a esteira.

Os mais criativos e mais preparados usavam caixotes do lixo e as baias de metal para pendurarem uma espécie de toldos improvisados, que lhes davam alguma sombra e até alguma privacidade. Passavam nos corredores de tronco nu ou de biquíni, a carregar garrafas de água para um lado e para o outro enquanto iam parando e conversando com peregrinos de outros grupos e nacionalidades.

Há quem, inclusive, já esteja habituado ao calor. Um grupo de portugueses dizia: “O calor passa despercebido”. Os sul-coreanos referiam que aqui em Portugal, mesmo nos dias de maior calor, se estava melhor do que na Coreia do Sul. Dizem todos que sabiam ao que vinham, que estavam preparados para a espera e para as altas temperaturas.

Facto é que, pelo caminho de terra batida, outros peregrinos se encostavam a baias porque se sentiam mal. Algumas tendas, cuja função seria a de guardar pertences dos voluntários, enchiam-se de jovens com os rostos encarnados, com ataques de pânico ou ansiedade. Em conversa com a SIC Notícias, alguns voluntários deram nota do “caos” que se estava a viver, com enfermarias improvisadas, com um certo desnorteio entre a organização. Pelo Parque passavam psicólogos. Tentámos falar com um, que remeteu todas as perguntas para o INEM.

À medida que as temperaturas baixavam e que a multidão assentava tendas no Parque Tejo, o número de ocorrências foi diminuindo.

Mais à frente, mesmo de olhos postos no altar-palco, a realidade era diferente. Naquela zona, com vista privilegiada e cadeiras, reinava a alegria e a tranquilidade. Uns dançavam e cantavam com força, outros estavam simplesmente instalados confortavelmente. Para aceder era necessária, para além de credencial, uma pulseira azul.

No local, estavam montadas 10 mil cadeiras reservadas para pessoas que estiveram na organização local, diocesana e paroquial, convidados ligados à organização local, e lugares para comitivas de todos os países que participam na Jornada. Nessa mesma zona, já a vigília tinha começado, não faltavam cadeiras vazias. Os peregrinos, que estavam em terrenos mais atrás, iam vendo o Papa através dos ecrãs gigantes.

Ao lado do altar-palco estava a área reservada a pessoas com deficiência. Por lá, segundo relatos, não se registavam falhas na organização. Havia comida, água e lugar para todos. Era lá que estava Maria, de 27 anos, que fez questão de vir cá fora falar com a SIC Notícias, porque o acesso não era permitido a jornalistas. Ansiosa por ver o Papa Francisco, disse que, se tivesse oportunidade de estar com ele, lhe pedia forças para o seu pai que hoje faz anos.

Uma lua de mel abençoada

Casados há 15 dias, Gabriel e Julliette, da Polónia, vivem a lua de mel na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Para o encontro com o Papa Francisco, decidiram usar as roupas do casamento e pedir um matrimónio abençoado.

Próxima Jornada é na Coreia do Sul?

Há rumores que apontam que a próxima JMJ pode realizar-se em Seul, na Coreia do Sul. Quando confrontados com a ideia, os peregrinos sul-coreanos reagiram com alegria. Aliás, dizem que vão aproveitar a experiência em Portugal para ajudarem na construção do maior evento da Igreja Católica no outro lado do mundo.

“Não será fácil, mas vamos preparar-nos”, afirmaram.

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