A Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Fundação JMJ Lisboa 2023 reuniram esta quinta-feira, mas o coordenador do grupo nomeado pelo Governo não esteve presente. Falamos de José Sá Fernandes que esta semana, recorde-se, foi excluído do grupo pela autarquia. Em entrevista ao jornal Público explicou que não foi à reunião porque não tinha de ir.
“Não tinha que estar na reunião de hoje [quinta-feira]. Esta era uma tarefa especifica da Câmara Municipal de Lisboa que, conjuntamente com a Igreja, como em todas as tarefas, são essas duas entidades que as devem desenvolver”, esclareceu em entrevista ao programa “Interesse Público” da jornalista Ana Sá Lopes.
Sá Fernandes refere ainda que é “coordenador da JMJ para as tarefas atribuídas ao Estado”, negando a ideia que, diz, se “estava a criar de que eu era o coordenador disto tudo”.
“Não sou o coordenador disto tudo. Isto é quase como uma coprodução onde há vários coordenadores para cada uma das tarefas”, declarou.
Nesta entrevista, o ex-vereador da CML revela, porém, uma informação pertinente. José Sá Fernandes diz que na altura da candidatura de Lisboa à Jornada Mundial da Juventude, a Igreja Católica fez uma questão importante a personalidades preponderantes.
“Em 2019, a Igreja perguntou a todos os protagonistas da altura - Governo, Câmara Municipal de Lisboa, Presidente da República - se achavam boa ideia a candidatura às JMJ, e disse a Igreja claramente que isto tinha de ser financiado ou pelas câmaras ou pelas câmaras e pelo Estado, e as pessoas concordaram”, revela Sá Fernandes.
O encontro “muito positivo” mas sem novidades
A autarquia e a Fundação classificaram como "muito positivo" o ambiente em que decorreu o encontro, acrescentando que "as equipas técnicas vão continuar a trabalhar de forma empenhada para que no mais curto espaço de tempo seja possível apresentar novas soluções na sequência dos apelos" do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e do bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.
A realização da reunião desta quinta-feira foi anunciada ontem pelo bispo Américo Aguiar, no programa "Grande Entrevista", na RTP3, durante o qual, revelou, iria estar o valor e a dimensão do palco que vai ser construído no Parque Tejo, tendo garantido que “tudo o que não for essencial” vai ser eliminado do projeto.
"Vamos pedir aos técnicos que cortem tudo o que não é essencial" para a segurança e para o que é necessário para o evento, que, frisou, é o maior alguma vez feito em Portugal, envolvendo um terreno equivalente a 10 campos de futebol e que por isso o palco tem de ser mais alto.
O responsável disse que a Igreja nunca impôs nenhum palco, mas salientou que é necessário um palco com visibilidade e que nele caibam pessoas a concelebrar, o coro, os jovens e convidados.
Os custos da JMJ têm estado em destaque depois de ser conhecido que a construção do altar-palco do espaço do Parque Tejo (com nove metros de altura e capacidade para 2.000 pessoas), a cargo do município da capital, foi adjudicada à Mota-Engil por 4,24 milhões de euros (mais IVA), somando-se a esse valor 1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura.
Além deste palco está previsto outro no Parque Eduardo VII, em Lisboa, com um custo até dois milhões de euros.
O bispo disse que esse palco está a ser estudado, que o que foi divulgado está em fase de estudos, que se está a trabalhar para um palco "o mais minimalista possível" e que nos próximos dias haverá uma decisão.
As contas aos milhões
A JMJ tem um custo de quase 160 milhões de euros mas o bispo auxiliar disse na entrevista acreditar que esse valor não vai ser atingido. O orçamento da Fundação da JMJ ronda os 80 milhões de euros, 30 milhões deles para alimentação, explicou.
A JMJ, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.