Inteligência Artificial

Cirurgião chileno faz operação sozinho com um robô guiado por IA

A tecnologia permitiu ao médico operar sozinho, marcando um avanço inovador na automatização cirúrgica.

Catarina Solano de Almeida

Ana Isabel Pinto

Um cirurgião chileno realizou pela primeira vez uma operação com recurso a uma câmara autónoma guiada por inteligência artificial.

A intervenção decorreu em Santiago do Chile e consistiu na remoção da vesícula biliar de um doente. A tecnologia permitiu ao médico operar sozinho, marcando um avanço inovador na automatização cirúrgica.

Na segunda-feira, 9 de setembro, Ricardo Funke, chefe de cirurgia da Clínica Las Condes, em Santiago, contou com um novo assistente: uma câmara autónoma guiada por inteligência artificial.

O dispositivo, desenvolvido pela Levita Magnetics, rastreia os instrumentos do cirurgião e ajusta os ângulos de forma automática, eliminando a necessidade de um assistente humano.

"Realizámos o primeiro caso com recurso a esta tecnologia, com inteligência artificial. Realizámos uma colesistectomia laparoscópica, ou seja, removemos a vesícula biliar do doente porque ele tinha um cálculo biliar. E esta câmara permite-nos fazer a cirurgia sozinhos. Fi-lo sozinho, com o robô. A câmara acompanhou o movimento das minhas mãos e todo o processo correu na perfeição".

Empresas, universidades e centros de investigação em todo o mundo desenvolvem hoje ferramentas assistidas por IA para auxiliar ou realizar cirurgias.

Segundo a Precedence Research, o mercado global de robôs cirúrgicos foi avaliado em 15,6 mil milhões de dólares em 2024 e deverá chegar aos 64,4 mil milhões em 2034.

Em julho, investigadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, já tinham apresentado um robô guiado por IA que realizou operações complexas em fígados e vesículas biliares de porcos.

"Um passo muito importante a nível mundial"

Para Alberto Rodriguez, CEO da Levita Magnetics, a cirurgia em Santiago representa um marco.

"Trata-se de um passo muito importante a nível mundial. Este é o primeiro passo na automatização cirúrgica num doente real, na sala de operações, onde demonstramos que a inteligência artificial pode ajudar o cirurgião. E isto está apenas a começar. Este é o primeiro passo. Este processo tornar-se-á cada vez mais sofisticado. Isto é para benefício dos doentes e para que o cirurgião possa fazer melhor o seu trabalho"

Rodriguez sublinha que os benefícios da tecnologia se dividem em três níveis: pacientes, profissionais de saúde e instituições.

"Os principais benefícios que traz são a três níveis: é melhor para o doente, uma vez que permite efetuar menos incisões, os doentes têm menos dores, têm uma recuperação mais rápida, têm menos cicatrizes. E isso é muito bom para o doente. Isto é possível porque desenvolvemos uma tecnologia magnética que permite efetuar menos incisões. Para o cirurgião, permite-lhe operar melhor, permite-lhe ser mais eficiente, permite-lhe visualizar melhor. É, portanto, uma ferramenta que torna o cirurgião mais eficiente, que pode efetuar mais cirurgias por dia. E para os hospitais e clínicas, proporciona aos doentes uma melhor experiência, menos dor, menos tempo de recuperação e também melhora a utilização do pessoal nos centros clínicos".

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