Inteligência Artificial

Já ouviu falar em "deepfake"? Político na Sérvia foi vítima e "muitos acreditaram"

Dragan Djilas acusa uma televisão na Sérvia de clonar a sua voz para transmitir um vídeo em que foram divulgadas informações falsas. "Muitas pessoas acreditaram", conta.

Daniel Pascoal

O líder do Partido da Liberdade e da Justiça (SSP, em inglês) garante que vai processar a Pink TV e o seu proprietário, devido a um vídeo feito com recurso à Inteligência Artificial (IA), em que Dragan Djilas terá admitido irregularidades e insultado a oposição.

“Muitas pessoas na Sérvia acreditaram que eu realmente estava a dizer isto”, afirmou o político de 56 anos.

Além das alegadas informações falsas, Dragan Djilas acusa o canal televisivo, que apoia o regime na Sérvia, de clonar a sua voz para que o vídeo parecesse real. É mais um caso de “deepfake” que liga o alerta para os riscos da IA.

“Espero que, face às novas formas de abuso, nossos tribunais protejam os cidadãos de quem tem poder em excesso e falta de moralidade e vergonha”, atirou o líder do SSP.

Segundo a televisão sérvia N1, este não é o primeiro episódio do género em que a Pink TV esteve envolvida. Recentemente, o canal terá feito vídeos semelhantes da vice-presidente do SPP, Marinika Tepic, e do líder do Partido Popular (NS), Vuk Jeremic.

O que é “deepfake”?

Dragan Djilas aproveitou a ocasião para alertar para as “enormes” possibilidades de manipulação com recuso à IA, sublinhando que as autoridades já deveriam ter reagido e banido os vídeos falsos da Internet.

Uma destas formas de manipulação chama-se “deepfake”, uma tecnologia que coloca, em vídeo, pessoas a dizerem palavras que nunca disseram.

O “deepfake” já existia, mas chegou a um outro nível com a ajuda de novas ferramentas da Inteligência Artificial, alcançando resultados impressionantes e convincentes.

Esta tecnologia também é capaz de substituir rostos de pessoas, sincronizar movimentos labiais, expressões e outros detalhes.

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