Mesmo com a temperatura mais baixa, a situação dos incêndios continua muito crítica em Portugal com vários fogos ativos e a preocupar autoridades e populações. Só este ano já arderam mais de 216 mil hectares em todo o país.
Em entrevista à SIC Notícias, na qualidade de ex-ministro do Ordenamento do Território, no Governo de Durão Barroso, Isaltino Morais começa por referir que o cenário atual é o resultado daquilo que deveria ter sido feito no passado e não foi.
Defende a importância da realização do levantamento cadastral do território nacional para a criação de faixas de gestão de combustível, que facilitariam o trabalho dos bombeiros e tornariam mais eficaz o combate aos incêndios.
"Agora que tanto se fala da Reforma do Estado, os incêndios deviam servir de exemplo e de bom prenúncio para que nós, portugueses, e o próprio Estado nos debrucemos seriamente sobre essa reforma", reforça Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras.
Por sua vez, Eduardo Cabrita, ex-ministro da Administração Interna no Executivo de António Costa, recorda também a tragédia de 2017 e sublinha que o principal erro do Governo naquela altura, juntamente com a comunicação social, foi dar atenção ao tema dos incêndios apenas durante o período crítico do verão.
"O principal erro do atual Governo [em 2017], e também da comunicação social, foi concentrar a atenção neste tema apenas nesta altura. Estou certo de que o Dr. Isaltino Morais também concorda que estamos inteiramente disponíveis para discutir este assunto com mais tempo e menos drama, em janeiro ou fevereiro do próximo ano, porque é exatamente nessa altura que vale a pena falar sobre este tema", reforça Eduardo Cabrita.
Portugal é atualmente o país da União Europeia com a maior área ardida, já 17 vezes superior à do ano passado.