Incêndios em Portugal

Isaltino Morais: "Agora que tanto se fala da Reforma do Estado, os incêndios deviam servir de exemplo"

Portugal enfrenta uma situação crítica no que diz respeito aos incêndios, com mais de 216 mil hectares ardidos só este ano. Os ex-ministros Isaltino Morais e Eduardo Cabrita apontam falhas estruturais do passado e sugerem soluções, como a realização do levantamento cadastral do território e uma abordagem contínua ao problema, em vez de concentrada apenas nos meses de verão.

Mariana Jerónimo

Mesmo com a temperatura mais baixa, a situação dos incêndios continua muito crítica em Portugal com vários fogos ativos e a preocupar autoridades e populações. Só este ano já arderam mais de 216 mil hectares em todo o país.

Em entrevista à SIC Notícias, na qualidade de ex-ministro do Ordenamento do Território, no Governo de Durão Barroso, Isaltino Morais começa por referir que o cenário atual é o resultado daquilo que deveria ter sido feito no passado e não foi.

Defende a importância da realização do levantamento cadastral do território nacional para a criação de faixas de gestão de combustível, que facilitariam o trabalho dos bombeiros e tornariam mais eficaz o combate aos incêndios.

"Agora que tanto se fala da Reforma do Estado, os incêndios deviam servir de exemplo e de bom prenúncio para que nós, portugueses, e o próprio Estado nos debrucemos seriamente sobre essa reforma", reforça Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras.

Por sua vez, Eduardo Cabrita, ex-ministro da Administração Interna no Executivo de António Costa, recorda também a tragédia de 2017 e sublinha que o principal erro do Governo naquela altura, juntamente com a comunicação social, foi dar atenção ao tema dos incêndios apenas durante o período crítico do verão.

"O principal erro do atual Governo [em 2017], e também da comunicação social, foi concentrar a atenção neste tema apenas nesta altura. Estou certo de que o Dr. Isaltino Morais também concorda que estamos inteiramente disponíveis para discutir este assunto com mais tempo e menos drama, em janeiro ou fevereiro do próximo ano, porque é exatamente nessa altura que vale a pena falar sobre este tema", reforça Eduardo Cabrita.

Portugal é atualmente o país da União Europeia com a maior área ardida, já 17 vezes superior à do ano passado.

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