Fosse na guarda dos bens, na ajuda aos bombeiros ou simplesmente para verem, impotentes, as chamas a avançar, foram poucos os que descansaram antes do amanhecer. Para os outros, os que perderam tudo, o descanso não virá tão cedo.
O cenário repetia-se na freguesia de Talhadas, em Sever do Vouga.
A pouco mais de 80 quilómetros, a noite estava igual à de Melres; o mesmo tom alaranjado do céu, o mesmo ar irrespirável, as mesmas fagulhas que voavam como pássaros de fogo projetando o caos às florestas que haviam de ser consumidas de seguida.
Ouviam-se os mesmo gritos de aflição, a mesma confusão e o mesmo medo. Nos incêndios florestais a geografia parece ser a única variável. E o medo, o grande agregador.
Em dia de luto nacional pelos mortos nos incêndios florestais no norte do país, mostramos a noite mais longa nos concelhos de Gondomar e Sever do Vouga num trabalho de Rui Caria.