Incêndios em Portugal

A noite mais longa do ano: gritos de aflição, confusão e muito medo das chamas que devoravam tudo

A noite foi a mais longa do ano, na vila de Melres, no concelho de Gondomar. Na madrugada do dia 18 de setembro, um incêndio que ali tinha chegado umas horas antes, ao fim da tarde do dia 17, já não se alimentava apenas da floresta, mas das casas de alguns dos habitantes da vila onde a noite foi passada em claro.

Rui Caria

Fosse na guarda dos bens, na ajuda aos bombeiros ou simplesmente para verem, impotentes, as chamas a avançar, foram poucos os que descansaram antes do amanhecer. Para os outros, os que perderam tudo, o descanso não virá tão cedo.

O cenário repetia-se na freguesia de Talhadas, em Sever do Vouga.

A pouco mais de 80 quilómetros, a noite estava igual à de Melres; o mesmo tom alaranjado do céu, o mesmo ar irrespirável, as mesmas fagulhas que voavam como pássaros de fogo projetando o caos às florestas que haviam de ser consumidas de seguida.

Ouviam-se os mesmo gritos de aflição, a mesma confusão e o mesmo medo. Nos incêndios florestais a geografia parece ser a única variável. E o medo, o grande agregador.

Em dia de luto nacional pelos mortos nos incêndios florestais no norte do país, mostramos a noite mais longa nos concelhos de Gondomar e Sever do Vouga num trabalho de Rui Caria.

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