Telescópio Hubble

"O Hubble está a viver os seus últimos momentos": telescópio espacial vai ser desativado

A navegar pelo espaço há 34 anos, o projeto internacional conjunto da NASA e da ESA está a entrar na fase final.

Hubble fotografado em maio de 2009
NASA

Catarina Solano de Almeida

O telescópio espacial Hubble da NASA e da ESA, que revolucionou a astronomia desde o seu lançamento em 1990, vai ser progressivamente desativado, anunciou esta semana a NASA.

Com mais de um milhão de observações feitas, que incluem algumas das mais longínquas e antigas galáxias, o telescópio da NASA e da ESA será talvez o aparelho que captou as imagens mais marcantes do Universo dos últimos 34 anos.


Segundo explica a NASA, o telescópio vai entrar na "pré-reforma" com uma progressiva diminuição do número de horas de observações. Um dos três giroscópios que controla a direção para a qual o Hubble está virado tem tido problemas de estabilidade nos últimos tempos.

"Depois de uma série de testes e uma análise cuidadosa das nossas opções, tomámos a decisão de o Hubble utilizar apenas um dos seus três giroscópios”, declarou o diretor do Departamento de Astrofísica da NASA, Mark Clampin.

A transição, que deverá estar concluída em meados de junho, reduzirá a capacidade do Hubble de realizar observações científicas em 12%, com 74 órbitas semanais em volta da Terra, em vez das atuais 85, explicou o chefe da missão Hubble, Patrick Crouse.

Durante os próximos 12 meses, o telescópio ainda será capaz de observar todo o céu, mas já não será capaz de acompanhar objetos além de Marte.

"O Hubble está a viver os seus últimos momentos", revelou Patrick Crouse.

O segundo giroscópio funcional ficará pausa e preparado para futuro uso. Com esta configuração, a NASA acredita que há 70% de probabilidade de o Hubble continuar a funcionar até 2035.

Há 34 anos a deslumbrar-nos com o que "vê"

Projeto de cooperação entre a NASA e a ESA lançado em 1990, o Hubble revolucionou a astronomia e mudou a nossa visão do Universo, ao colecionar imagens do Sistema Solar, da Via Láctea e de galáxias muito distantes a navegar no espaço a 515 km acima da Terra.

Foi graças a ele que os cientistas descobriram que todas as galáxias têm no seu centro um buraco negro supermassivo, como a nossa Via Láctea, que detetaram a existência de vapor de água em torno de exoplanetas ou ainda, foi o Hubble que fez a importante descoberta em 2022 da estrela mais longínqua, Earendel, entre tantas outras descobertas extraordinárias.

Segundo Mark Clampin, apesar da sua capacidade estar reduzida, o Hubble continua a investigar objetos do nosso sistema solar, a estudar galáxias distantes ou a colaborar com o telescópio espacial James Webb (lançado em 2021) para examinar as atmosferas de exoplanetas.

Telescópio Espacial James Webb

Projeto conjunto da NASA/ESA/CSA (agência espacial do Canadá), otelescópio espacial James Webb é o novo grande observatório de ciências espaciais para resolver os mistérios do Sistema Solar, explorar mundos distantes em redor de outras estrelas e descobrir as origens do Universo.

O seu lançamento estava previsto para março de 2021, mas a pandemia obrigou ao adiamento. Foi lançado em dezembro de 2021 eas primeiras imagens foram divulgadas a 12 de julho de 2022. O primeiro aniversário de James Webb no espaço foi celebrado com o nascimento de estrelas semelhantes ao Sol.

James Webb é excelente na deteção infravermelha, enquanto o Hubble se concentra na luz visível – constituindo uma dupla complementar para a observação científica.



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