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"Nuvem do dragão" pode resolver o mistério de como nascem as maiores estrelas da galáxia

Como se formam as maiores e mais massivas estrelas no universo? Uma questão com que os astrónomos se debatem desde sempre, mas agora podem ter recolhido algumas pistas para resolver o mistério.

A formação de estrelas dentro da Pequena Nuvem de Magalhães revelada pelo Telescópio Espacial James Webb.
NASA/ESA/STScI

Catarina Solano de Almeida

Um aglomerado maciço e frio de material no coração da "Nuvem do dragão" está pronto para formar uma única estrela gigante e os astrónomos tiveram um raro vislumbre do fenómeno. Uma descoberta que fornece pistas para o misterioso processo de nascimento das estrelas mais massivas da galáxia.

Um dos maiores problemas que os astrónomos enfrentam para provar teorias é a ausência de observação de fenómenos. Estrelas massivas são relativamente raras e, portanto, é difícil captá-las no momento da sua formação. Mas novas observações da chamada “Nuvem do dragão” podem conter pistas para ajudar a resolver este mistério.

Uma equipa de astrónomos usou o telescópio ALMA no deserto de Atacama, no norte do Chile, para estudar a "Nuvem do dragão", uma densa nuvem de hidrogénio molecular que é um berço de estrelas, a cerca de 20.000 anos-luz de distância de nós, revelam no estudo que foi aprovado para publicação na revista Astronomy & Astrophysics.

  • Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano: 9 460 730 472 580,8 de quilómetros, ou seja, mais de 9 biliões de quilómetros

O que são estrelas supermassivas?

Existem estrelas de muitas massas diferentes no Universo. As mais pequenas têm apenas 1/10 da massa do Sol, enquanto as maiores têm dez vezes ou mais a massa do Sol.

Independentemente da massa, todas as estrelas se formam em nuvens cósmicas de gás e poeira.

Estrelas gigantes desempenham papéis gigantescos numa galáxia: quando nascem consomem muito material, impedindo que se formem nas proximidades estrelas mais pequenas.

Elas geram enormes fluxos durante as suas (relativamente curtas) vidas, expelindo material para o ambiente interestelar. E quando morrem, explodem em espetaculares supernovas, libertando elementos pesados na mistura galáctica para que outras estrelas os recolham.

O nascimento de uma estrela massiva

As estrelas nascem em nuvens moleculares, enormes nuvens de hidrogénio que podem conter milhões de massas estelares de material. Mas como se formam as nuvens moleculares? Existem diferentes teorias e modelos desse processo, mas a formação da nuvem é difícil de observar.

As nuvens moleculares são uma parte importante do meio interestelar (ISM) e estão envolvidas em gás atómico, o outro componente principal do ISM. O terceiro componente do ISM é o gás iónico e os três desempenham papéis na formação estelar.

Como morrem as estrelas?

Quando as estrelas mais massivas chegam ao fim de vida, geralmente explodem violentamente num evento chamado supernova. Estas explosões provocam ondas de choque que comprimem o gás circundante, criando intrincadas estruturas como uma teia. A energia libertada faz brilhar intensamente os filamentos gasosos.

O que resta da estrela é uma bola ultradensa dentro da qual protões e eletrões são forçados a formar neutrões - produzindo assim uma estrela de neutrões.


Esta magnífica tapeçaria de cores mostra os restos fantasmagóricos de uma estrela gigantesca. Uma imagem capturada com detalhes incríveis pelo Telescópio VLT Survey que está no Observatório do Paranal do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Chile.

A apenas 800 anos-luz da Terra, este espetacular remanescente de supernova é um dos mais próximos que conhecemos.

Telescópio espacial James Webb

Projeto conjunto da NASA/ESA/CSA (agência espacial do Canadá), o telescópio espacial James Webb é o novo grande observatório de ciências espaciais para resolver os mistérios do Sistema Solar, explorar mundos distantes em redor de outras estrelas e descobrir as origens do Universo.

O seu lançamento estava previsto para março de 2021, mas a pandemia obrigou ao adiamento. Foi lançado em dezembro de 2021 e as primeiras imagens foram divulgadas a 12 de julho de 2022.


Telescópio Espacial Hubble

O telescópio espacial Hubble da NASA e da ESA já está há 33 anos a navegar pelo espaço e a deslumbrar-nos com o que "vê". Com mais de um milhão de observações feitas, que incluem algumas das mais longínquas e antigas galáxias, o telescópio da NASA e da ESA será talvez o aparelho que captou as imagens mais marcantes do Universo.


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