Guerra Rússia-Ucrânia

Acordo entre EUA e Ucrânia não menciona garantias de defesa, mas funciona como espécie seguro

A Casa Branca insiste que o acordo para a exploração de recursos naturais da Ucrânia vai permitir a restituição dos milhares de milhões de dólares de ajuda concedida pela administração Biden. Já Kiev insiste que o entendimento não prevê o reembolso de qualquer ajuda anterior à assinatura do documento.

Cristina Neves

Após meses de negociações tensas - e do perturbador encontro na Casa Branca - o acordo pelo qual Donald Trump tanto ansiava foi finalmente selado. Apesar de não incluir garantias de defesa, é uma espécie de seguro que Kiev contratou com os Estados Unidos.

Para a Ucrânia, a cedência dos recursos naturais do país é compensada pela vantagem estratégica de ter Washington a supervisionar a exploração dos minérios.

Os EUA passam a ter acesso a dezenas de matérias-primas - desde titânio, essencial para a indústria aeroespacial, até ao urânio usado na energia nuclear. O acordo inclui também armas, equipamento médico e componentes utilizados em baterias de carros elétricos.

Apesar da forte pressão norte-americana, Kiev conseguiu assegurar melhores condições do que as inicialmente propostas. O fundo de investimento para a reconstrução do país será partilhado em partes iguais, 50-50. As empresas estatais mantêm-se sob controlo ucraniano. E a chamada “dívida”, mencionada por Trump, não consta do documento final.

Ainda assim, a Casa Branca insiste: haverá restituição pela ajuda militar prestada durante a anterior administração.

Donald Trump apresenta o acordo como um incentivo económico, tanto para os Estados Unidos como para manter o investimento na defesa e reconstrução da Ucrânia, mesmo sem garantias formais de segurança.

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