Guerra Rússia-Ucrânia

"Os mísseis incomodam, mas de resto tudo ótimo": a vida dos ucranianos a 20km da guerra

O Governador da região de Donetsk, território que tem sofrido as consequências mais pesadas da guerra, diz que espera que 2025 seja o ano da vitória. A correspondente da SIC encontrou-se com o autarca em Kramatorsk, uma cidade a 20km da linha da frente, onde a população permanece otimista quando ao futuro.

Iryna Shev

Manhã em Kramatorsk, a 20 quilómetros dos combates. Desde 2014 este é o centro administrativo da região de Donetsk, depois de a cidade com o mesmo nome ter sido ocupada. Antes da invasão em larga escala, era casa para 150 mil pessoas. Cerca de um terço da população ficou.

Quem mora nas povoações próximas da linha da frente diz que não há motivo para pânico enquanto as ruas continuarem a ser limpas, os serviços municipais estiverem em ordem e os mercados a funcionar.

Não faltam produtos à venda no mercado de Kramatorsk. Há um pouco de tudo e é aqui que conseguimos encontrar muita gente e é por isso que vamos tentar perceber o que é que acham, qual é o estado de espirito, dos moradores desta cidade.

"A situação é difícil, mas vamos vivendo. Tenho dois filhos, estão a ter aulas online. Eu trabalho aqui no mercado", conta Yulia, vendedora em Kramatorsk.

"Vive-se bem, como é que se haveria de viver. Vive-se tal como se vivia. Os mísseis incomodam um pouco, na verdade, mas de resto tudo ótimo", diz Vivo Dmytro, também vendedor, que diz que o filho “adora o Cristiano Ronaldo”.

A região de Donetsk é atacada mais de 3.000 vezes por dia. As forças russas estão a tentar tomar este território há três anos.

“Esperamos que 2025 seja o ano da vitória”

O governador encontra-se no local, ainda que se sinta um alvo e mude frequentemente de morada. Encontrou-se com a SIC num parque da cidade.

“Perdemos um número muito grande de pessoas, perdemos um grande número de defensores. Isso é muito difícil. Somos cinco vezes menos que os invasores. Eles não protegem o seu próprio povo. Eles simplesmente atiram-nos e destroem-nos”, afirma Filashkin."Nós esperamos que 2025 seja o ano da vitória."

Até lá, a população leva a vida um dia de cada vez. Sabendo que as fortificações continuam a ser construídas em torno das cidades da região. A situação permanece difícil em toda a linha da frente.

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