Está instalada uma nova polémica no leste da europa. A Polónia, um dos países que mais tem contribuído para travar a agressão russa, ameaça impor novas sanções aos produtos agrícolas da Ucrânia.
A reação surge depois de Kiev ter decidido processar, junto da Organização Mundial do Comércio, a Polónia, a Hungria e a Eslováquia por terem proibido a entrada de cereais ucranianos.
A Polónia, que recebeu milhões de refugiados ucranianos e está entre os países do mundo que mais ajuda militar e financeira enviou para Kiev, está agora perante o que diz ser "uma punhalada nas costas".
"Se a Ucrânia apresentar uma queixa contra nós em tribunal, iremos a tribunal explicar a situação. Trata-se de um litígio jurídico e atuaremos com base nisso. No entanto, seria bom que a Ucrânia se lembrasse de que recebe ajuda da nossa parte e de que somos também um país de trânsito para a Ucrânia", disse o Presidente da Polónia, Andrzej Duda.
A polémica surgiu quando, na segunda-feira, Kiev anunciou que ia processar três países vizinhos junto da Organização Mundial do Comércio por causa da proibição que a Polónia, a Hungria e a Eslováquia impuseram à importação de cereais ucranianos
O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Eslováquia, Jozef Bires, diz-se surpreendido, uma vez que não esperava a queixa ucraniana à OMC, especialmente por não ter havido qualquer explicação aos envolvidos.
Com os portos do Mar Negro praticamente bloqueados, a Ucrânia passou a exportar por via fluvial e terrestre, mas as novas rotas estão a ameaçar os países vizinhos.
"No ano passado liguei para as pessoas que compravam as nossas sementes de girassol e eles disseram-me ‘Compramos da Ucrânia, é muito mais barato, não precisamos das suas’ ", disse Valentin Nikolov, agricultor da vila de Yardjilovtsi.
Para proteger as economias da região a Comissão Europeia decidiu taxar a entrada de cereais na Ucrânia em cinco países vizinhos, mas Kiev não aceitou os bloqueios e a medida foi levantada no final da semana passada.
Boris Katsov, produtor de cereais da cidade de Saedinenie, afirma que os agricultores querem o regresso da proibição, que os bens dos agricultores locais sejam comprados a um preço superior ao custo de produção e que o estado não permita as importações.
A guerra comercial ameaça fragilizar a rede de apoio a Kiev e em países como a Polónia já foi lançado o aviso que se o braço de ferro continuar serão ainda mais os produtos ucranianos que passam a estar proibidos de entrar no país.