José Milhazes pronuncia-se, em direto na antena da SIC Notícias, acerca do mais recente encontro dos líderes de duas das maiores potências militares do globo: a Rússia e a Coreia do Norte.
Putin e Kim Jong-un estiveram reunidos, esta quarta-feira, na Coreia do Norte com o líder norte-coreano a convidar o homólogo russo para uma visita a Pyongyng.
Após uma reunião de duas horas, ambos fizeram um brinde às "novas vitórias da grande Rússia". No início do encontro, Kim prometeu apoiar a "luta sagrada" da Rússia para defender os seus interesses de segurança, numa aparente referência à guerra na Ucrânia.
Posição adotada por Kim Jong-un "aproxima-se à atual propaganda russa"
José Milhazes considera que a posição adotada por Kim Jong-un "aproxima-se à atual propaganda russa", mas que, todavia, o que é essencial considerar são os "resultados reais deste encontro".
"Primeiro, no que diz respeito ao fornecimento de armas, desta vez por incrível que pareça da Coreia do Norte à Rússia. Há toda uma série de armamento que a Coreia pode dar à Rússia para a guerra da Ucrânia e isso seria importante para Moscovo", esclarece.
O comentador considera que será "grave" se a Rússia transmitir a Pyongyang a tecnologia de construção de satélites, tendo em conta que a nação liderada por Kim Jong-un poderá utilizar esta ferramenta para facilitar o lançamento de mísseis intercontinentais.
José Milhazes acredita que a visita de Putin à Coreia do Norte "não estará para breve", mas que quando o acontecer será "para mostrar que [o Presidente russo] tem aliados".
China acompanha relação Rússia-Coreia do Norte “com muita atenção”
Refere também que a China acompanha esta aproximação entre os dois países "com muita atenção".
"(A China) Não quer criar mais um problema. A China neste momento tem sérios problemas económicos e sociais e os dirigentes chineses estarão mais preocupados com a guerra na Ucrânia do que com a Coreia do Norte que, praticamente, depende da China e cuja direção não irá fazer nada que Pequim não apoie", esclarece.
Daí, entende, a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês a Moscovo, já na próxima segunda-feira, terá como foco "a questão da Ucrânia e não da Coreia do Norte".
ONU discute acordo dos cereais com nações envolvidas
Na próxima assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que está marcada para a próxima semana, António Guterres irá receber todas as partes do acordo dos cereais - Ucrânia, Rússia e Turquia.
Acerca desta questão, o comentador diz que o Presidente da Turquia vai encontrar-se com Lavrov e com Guterres exatamente para discutir este assunto e que pode existir a possibilidade de o Ocidente ceder à Rússia no caso das transferências bancárias - que estão bloqueadas - da venda dos cereais e dos seguros das mercadorias.
Na opinião de José Milhazes "estes seriam dois pontos fundamentais" para que o acordo fosse desbloqueado, contudo, assinala que o Ocidente receia que estes tipos de cedências permitam outros negócios para além deste.