Guerra Rússia-Ucrânia

Guerra: "A Rússia também é vulnerável"

A professora de Relações Internacionais, Liliana Reis, analisa o mais recente ataque da Ucrânia a solo russo, relembrando a crescente aprendizagem militar ucraniana e as fragilidades russas que começam a ficar evidentes.

SIC Notícias

Liliana Reis, professora de Relações Internacionais considera que este ataque com um drone ucraniano perto da cidade de Taganrog, na região de Rostov, no sul do país, demonstra as fragilidades da Rússia, também. Para além disso, a guerra já está a sair do controlo dos dois território envolvidos, com a Polónia a recear avanços do Grupo Wagner.

A Rússia acusa Ucrânia de ataque com drone em Rostov, ao qual o Presidente Zelensky reivindicou a autoria acrescentando que “a guerra está a regressar à Rússia”. Perante isto, Liliana Reis considera que Putin e o seu país estão a ser expostos com as suas vulnerabilidades.

“Aquilo que Zelensky está a querer dizer é que a Rússia também é vulnerável e nós vimos isso este fim de semana com o ataque a Moscovo, o quarto do último mês. Temos conhecimentos que os drones que têm perpetrado são de fabrico ucraniano, não são fornecidos pela ajuda do Ocidente, o que revela que os ucranianos já têm capacidade pra desenvolver novas capacidades do ponto de vista militar”, realça a professora de relações internacionais.

Apesar disto ser “bom sinal” para a Ucrânia, o feitiço também se pode virar contra o feiticeiro, sendo que estas vulnerabilidades expostas “podem levar a que a população russa sinta o terror no seu país e pode justificar aquilo que são ações mais ofensivas por parte da Rússia”.

No entanto, Zelensky não se preocupa com este perigo, sendo que considera mais ataques ainda à Rússia, tendo em conta a sua declaração sobre o “regresso da guerra”. Não o faz sozinho, segundo a professora.

"Provável [teremos mais ataques]. Zelensky vem destapar a capacidade da Ucrânia para atacar solo russo. Provavelmente a Ucrânia também conta com alguns movimentos russos que podem estar a ajudar, como a Legião para a Liberdade", refere.

No “outro lado” estão as lutas frias entre Polónia e Lituânia e Bielorrússia, em que os dois primeiros países pretendem limitar as fronteiras tendo em conta a ameaça que sentem com a proximidade do Grupo Wagner dos seus países.

“A Polónia está cada vez mais com a perceção da ameaça a níveis muito elevados. A Polónia tem sido um dos estados que tem apoiado mais a Ucrânia, com a colocação do grupo Wagner a 100 quilómetros da fronteira da polónia o sentimento de ameaça é crescente”, conclui Liliana Reis.

Ataque a Rostov

O governador da região, Vasili Golubev, disse no domingo à noite que o veículo aéreo não tripulado caiu numa área rural, onde causou danos ao telhado de uma habitação e a um automóvel.

Golubev indicou na plataforma Telegram que os serviços de emergência se deslocaram ao local do incidente, mas que não foi registada qualquer vítima mortal ou ferido. O governador também revelou que especialistas do Ministério da Defesa russo estiveram presentes.

Horas antes, a Rússia anunciou que tinha repelido dois ataques de drones ucranianos durante a madrugada, um na península ucraniana da Crimeia, anexada por forças russas em 2014, e outro em Moscovo.

Na capital russa, cujo aeroporto internacional foi temporariamente encerrado, foram danificadas duas torres de escritórios no principal distrito comercial da cidade.

O Ministério da Defesa da Rússia informou que o ataque a Moscovo envolveu três drones, um dos quais foi abatido e os outros dois neutralizados por via eletrónica.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, avisou no domingo que a guerra está a chegar "à Rússia e aos seus centros estratégicos e bases militares".

"Gradualmente, a guerra está a regressar ao território da Rússia, aos seus centros simbólicos e bases militares. E este é um processo inevitável, natural e absolutamente justo", disse o líder ucraniano, de visita à cidade de Ivano-Frankivsk, no oeste do país.

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