Guerra Rússia-Ucrânia

"Seria muito mau para a Rússia provocar um acidente na central nuclear"

O comentador SIC Ricardo Alexandre analisa a atualidade, os avanços e recuos na frente de combate na Ucrânia e os perigos nucleares das centrais controladas pela Rússia.

SIC Notícias

Ricardo Alexandre, diretor-adjunto da TSF e comentador SIC faz o ponto de situação da guerra na Ucrânia, nomeadamente potenciais avanços russos no leste, as preocupações com as centrais nucleares e a a constituição de um gabinete para provas de crimes de guerra na Ucrânia pelo Tribunal Penal Internacional.

Avanços, recuos, ofensivas, defensivas: é assim que tem estado a guerra na Ucrânia. Nos últimos dias tem havido avanços da Ucrânia, mas também uma forte defesa russa, o que levou a que a vice-ministra da Defesa ucraniana alertasse para certas fragilidades na milícia do país.

"Apesar da diferença entre os cargos, são mais importantes as declarações da vice-ministra, porque não é normal que a Ucrânia esteja a assumir reveses no campo de batalha, com os avanços russos, normalmente o que temos é iniciativas motivadoras", expõe Ricardo Alexandre, comentador SIC.

Tendo em conta esta situação, existe muita informação contraditória e incongruente, porém é normal que a contraofensiva não esteja a ter efeitos imediatos pelo tempo de preparação que as tropas russas tiveram para organizar linhas de defesa.

"Há 24 horas o que tínhamos era avanços da Ucrânia tanto no sul, como no leste, a direção a Bakhmut, e agora a notícia que temos é diferente, temos as dificuldades que a Ucrânia está a ter perante as linhas de defesa russas", explica. Trincheiras, obstáculos para tranques, bunkers tudo foi montado com tempo, pelo demorado arranque da contraofensiva ucraniana.

Para além disto, existe outra situação que está a preocupar a Ucrânia e também o palco internacional, como várias saídas de funcionários da central nuclear de Zaporíjia. Ricardo Alexandre refere que é impossível saber a razão verdadeira por detrás dessas saídas, mas que existem hipóteses e nem todas são catastróficas.

“Não podemos dizer em concreto, parece-me que a Rússia terá consciência de que provocar um acidente ou pior na central nuclear seria grave, não só para a Ucrânia, mas para a própria Rússia pelo impacto que teria internacionalmente. Não se sabe ao certo, podem estar a sair porque algo poderá acontecer ou serão funcionários que não concordam com a forma como os militares estão a gerir instituições que devem ter certos procedimentos de segurança”, refere o comentador.

Mesmo que esse fosse o caso, Ricardo Alexandre reforça que "seria muito mau para a Rússia provocar um acidente na central nuclear".

O Tribunal Penal Internacional sediado em Haia vai ser "importante" para analisar provas dos crimes de guerra. Neste âmbito o comentador relembra que Victoria Amelina foi morta num ataque russo e era uma das especialistas nesse âmbito.

A escritora ucraniana, de 37 anos, foi gravemente ferida durante um jantar no restaurante Ria Pizza, muito frequentado por militares, voluntários e jornalistas, tendo sido hospitalizada, em Dnipro, com "múltiplas fraturas na base do crânio", informou o neurocirurgião Vitalii Savenkov.

Amelina estava na companhia de três celebridades colombianas, todas elas com ferimentos ligeiros, de acordo com a mesma nota.

A morte da escritora eleva para 13 o número de vítimas mortais no ataque russo a Kramatorsk, importante nó ferroviário e sede de instalações militares. O ataque causou cerca de 60 feridos, de acordo com as autoridades ucranianas.

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