Os serviços secretos dos Estados Unidos da América sabiam, desde meados de junho, que o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, estaria a planear uma ação contra a liderança militar russa.
A informação é avançada pelo jornal Washington Post, que cita fonte anónima das autoridades norte-americanas. Nas duas últimas semanas, houve grandes dúvidas sobre o que aconteceria ao poder de Vladimir Putin.
O jornal avança ainda que os serviços secretos informaram a Casa Branca e outras agências governamentais, de modo a não serem apanhados desprevenidos.
A exata natureza e data dos planos de Prigozhin não eram claros até à madrugada de sexta-feira passada, quando o grupo Wagner anunciou uma revolta militar na Rússia.
Entretanto, o grupo paramilitar Wagner já abandonou a cidade de Rostov, na Rússia, tomada na madrugada passada durante a rebelião histórica contra o Presidente russo.
O líder e os paramilitares desocuparam durante esta noite o quartel-general militar da Rússia em Rostov.
Centenas de populares fizeram questão de saír à rua no momento em que a coluna militar saía da cidade. Juntaram-se para aplaudir e demonstrar apoio ao líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, e aos mercenários.
O grupo Wagner chegou a estar a 200 quilómetros de Moscovo. No entanto, o líder concordou suspender o avanço sobre a capital russa e parar aquilo a que chamou "Marcha pela Justiça".
Prigozhin afirmou que tomou a decisão para evitar um banho de sangue.
Da rebelião à retirada: as (tensas) 24 horas de Wagner vs. Kremlin
Na noite de sexta-feira, o líder do grupo Wagner lançou o apelo que viria a despoletar as 24 horas mais tensas que Moscovo e o mundo viveram nos últimos tempos. A incitação a uma rebelião armada fazia prever um desfecho alarmante, mas a poucos quilómetros do alvo final, Prigozhin deu a ordem de retirada.
Foi na noite de sexta-feira que o líder do grupo Wagner fez saber que duas colunas militares compostas por mercenários se dirigiam para território russo para desafiar o alto comando militar. Prigozhin lançava assim a rebelião militar, que nas 24 horas seguintes deixaria o mundo de olhos postos em Moscovo.
Tomar a cidade de Rostov - sede das tropas russas no sul do país - era um dos objetivos do grupo de combatentes. E assim o fizeram. Seguiram depois para Voronezh e Lipetsk, com Moscovo na mira. Pelo caminho abateram várias aeronaves russas, mas enfrentaram também a resistência das tropas de Moscovo, que receberam ordens para atirar a matar.
A ação não travou o avanço dos mercenários que - de Vladimir Putin - terão recebido uma promessa de amnistia em caso de rendição. Ao lado de Putin posicionou-se o líder checheno Ramzan Kadyrov, que chegou a mobilizar um batalhão de forças especiais.
Na autoestrada russa M4, a caminho de Moscovo, foram cavadas barricadas e erguidos postos de controlo para tentar evitar o avanço da coluna militar do grupo Wagner. O tráfego fluvial foi suspenso e a segurança reforçada. Vários edifícios públicos foram evacuados e, de norte a sul, foram também cancelados inúmeros eventos públicos.
Ao final da tarde, chegou o inesperado volte-face. Quando tudo fazia prever um desfecho alarmante, o líder do grupo Wagner disse querer evitar um banho de sangue e decidiu bater em retirada.
Depois de negociar com o Presidente da Bielorrússia, Prigozhin anunciou a suspensão imediata de todas as movimentações militares