Guerra Rússia-Ucrânia

Presidente da Síria manifesta publicamente apoio à Rússia

Bashar Al-Assad encontrou-se com Vladimir Putin em Moscovo, onde reforçou o apoio sírio à guerra na Ucrânia.

Bashar Al-Assad encontrou-se com Vladimir Putin em Moscovo, Rússia.
Vladimir Gerdo

Mariana Teófilo da Cruz

Lusa

O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu esta quarta-feira o Presidente sírio, Bashar Al-Assad, em Moscovo para discutirem a reconstrução do país, após uma guerra civil que está a devastar o território, e também as relações entre a Síria e a Turquia.

O Presidente sírio aproveitou ainda o encontro para agradecer à Rússia o apoio no terreno, realçando que a presença russa se manteve "firme", apesar da guerra na Ucrânia.

"Gostaria de transmitir a gratidão que o povo sírio sente pela posição inalterada em relação à guerra na Síria", disse.

Bashar Al-Assad transmitiu também publicamente apoio à Rússia na guerra na Ucrânia. O Presidente sírio defendeu que Moscovo está a lutar contra nazis e acusa o Ocidente de os acolher e apoiar.

"Aproveito esta primeira visita desde que a guerra na Ucrânia começou para renovar a posição síria no apoio desta guerra contra os velhos e novos nazis."

Esta quarta-feira assinala-se 12 anos desde a revolta que culminou numa guerra civil na Síria. Desde 2015 que a Rússia tem em curso no território uma campanha militar para apoiar o Governo de Assad contra os grupos armados da oposição.

A relação entre os dois países é estreita e o apoio militar russo ajudou a mudar o rumo da guerra civil síria, que começou em 2011 a favor de Bashar Al-Assad.

A possível reconciliação turco-síria

O Kremlin está a acentuar os esforços para reconciliar a Turquia e a Síria e afirmar o seu peso diplomático.

Os esforços coincidem com uma importante recomposição do cenário diplomático no Médio Oriente através do restabelecimento, patrocinado por Pequim, das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita.

Para o Kremlin (Presidência russa), o objetivo em promover a reconciliação entre a Turquia e a Síria, quase inexistente desde 2011, permitiria afirmar o peso diplomático de Moscovo, apesar do seu isolamento no Ocidente desde a sua ofensiva militar na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

No poder desde o início da década de 2000, Erdogan e Assad desenvolveram inicialmente relações cordiais, após décadas de tensões entre os dois países.

Mas no conflito civil na Síria, que desde 2011 provocou mais de 500 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados, Ancara optou por apoiar grupos rebeldes que procuram derrubar o regime sírio, apoiado por Moscovo e Teerão.

Apesar dos seus interesses divergentes na Síria e da integração da Turquia na NATO, Putin e Erdogan cooperaram de forma estreita nos últimos anos, um fator que explica o envolvimento de Moscovo na tentativa de reconciliação turco-síria.

Neste contexto, diplomatas da Rússia, Turquia, Síria e Irão deverão reunir-se esta semana em Moscovo para preparar um encontro entre os seus ministros dos Negócios Estrangeiros, antes de uma eventual cimeira presidencial.

Os ministros da Defesa turco e sírio tinham já promovido no final de dezembro um encontro em Moscovo com o homólogo russo, o primeiro desde 2011.

Nos últimos meses, Erdogan tem revelado disponibilidade para manter um encontro com Assad, de forma a promover um degelo das relações bilaterais.

"O rancor e o ressentimento não existem em política", declarou em novembro o líder turco.

No entanto, diversas questões complexas continuam por solucionar, em particular a presença militar turca no norte da Síria, onde Ancara promove diversas incursões desde 2016, em particular contra os grupos curdos locais.

A reaproximação poderá ser também favorecida pelos sismos que atingiram em 6 de fevereiro a Turquia e a Síria, com um balanço de mais de 50 mil mortos, uma tragédia que permitiu a Damasco aliviar em parte o seu isolamento diplomático.

Erdogan e Assad também partilham uma hostilidade face aos grupos curdos que controlam o nordeste da Síria, e que têm sido apoiados pelos ocidentais contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

Damasco também denunciou com firmeza a visita no início de março do chefe do Estado-Maior norte-americano ao nordeste sírio controlado pelas forças curdas.

Últimas