Guerra Rússia-Ucrânia

Numa carrinha durante 15 dias, casal foge da Ucrânia para Portugal com o filho autista

Maksym, em idade de combater, foi autorizado a sair com a família porque tem um filho, de sete anos, com autismo. O casal arrendou um apartamento, depois de seis meses a viverem entre uma família de acolhimento e centro de acolhimento de Cascais.

SIC Notícias

Um ano depois da guerra, ainda há mais de 100 ucranianos num centro de apoio a refugiados, em Cascais. Milhares já conseguiram refazer a vida, têm trabalho e estabilidade, mesmo que longe de casa. Esta é a história de uma família - um casal com um filho autista - que fugiu da Ucrânia numa carrinha.

O míssil caiu ao lado da casa onde estavam todos escondidos há algumas horas numa cave.

"Preparámos a cave, tapámos as janelas e ficámos à espera. Depois da primeira noite, pensámos que afinal era pior estarmos ali", conta Kateryna.

Já o marido, Maksym, relata que ouviram o barulho dos mísseis e dos aviões de combate a passar.

"Mísseis, sirenes, pessoas a correr, algumas começaram a sair com os carros e outras na rua a correr. Parecia um apocalipse e, nos primeiros minutos, não percebemos o que se estava a passar".

Maksym e Kateryna fugiram de casa, no sul de Kiev, para a casa dos pais entre Bucha e Irpin. Não sabiam que os combates ali iam ser ainda piores. Aguentaram dois dias e fizeram-se à estrada numa carrinha que já tinham adaptado para saírem do país.

Maksym, em idade de combater, foi autorizado a sair com a família porque tem a cargo um filho com necessidades especiais. Mike, de sete anos, tem autismo e fez com os pais o caminho de carrinha até Portugal. Demoraram 15 dias.

Portugal “parece outro mundo”

"Aqui é tudo diferente. Parece que é outro mundo. o nosso filho sente-se confortável aqui e para nós isso foi importante", diz o homem à SIC.

O filho anda numa escola pública com acompanhamento especial. Maksym recuperou o negócio que tinha: uma loja de motas, mas à distância. Kateryna era modelo. Está sem trabalho. Tem-se dedicado ao filho.

Conseguiram arrendar um apartamento, depois de seis meses a viverem entre uma família de acolhimento e centro de acolhimento de Cascais onde, mesmo um ano depois, ainda estão mais de 130 pessoas.

O município chegou a dar apoio a mais de 3665 pessoas. No país todo, o SEF atribuiu proteções temporárias a mais de 58 mil pessoas. Não se sabe quantas continuam em Portugal.

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