Guerra Rússia-Ucrânia

Envio de tanques Leopard para a Ucrânia: Alemanha garante que não fará parte do conflito

Governo alemão confirmou que irá proceder ao envio destes veículos, mas clarificou que “não fará parte da guerra”. Já o Governo polaco lamentou que tenha sido necessária pressão internacional para os alemães tomarem decisões.

Chanceler alemão Olaf Scholz e Boris Pistorius no Parlamento alemão.
Markus Schreiber

SIC Notícias

Lusa

O Governo alemão decidiu entregar tanques Leopard 2 à Ucrânia, mas vincou que não fará parte do conflito. O Governo da Polónia lamenta que tenha sido necessária a pressão diplomática para os alemães tomarem esta decisão.

A novela parece ter finalmente chegado ao fim. A Alemanha, após vários dias de conversações, decidiu entregar 14 tanques Leopard 2 para à Ucrânia.

O Chanceler Olaf Scholz explicou que a decisão se prende com um “ato coordenado” com os países aliados.

Scholz apelou ao Ocidente para que “não se desvie” do rumo a tomar e que, nesse sentido, as nações devem “perpetuar e reforçar” a sua cooperação.

“Esta é uma decisão histórica”

Boris Pistorius, ministro da Defesa alemão, afirmou que esta “é uma decisão histórica”, mas que "não é motivo de alegria como já vi em alguns sítios".

O ministro germânico clarificou que o país, apesar da entrega destes veículos de combate, não “será cúmplice” da guerra que se trava na Europa.

Pistorius revelou também que os primeiros tanques deverão chegar à zona de conflito no espaço de três meses.

As críticas polacas à Alemanha

Já o porta-voz do Governo polaco lamentou que tenha sido necessária pressão internacional para a Alemanha proceder à entrega dos Leopard 2.

A Polónia já tinha formalizado, esta terça-feira, um requerimento para ceder 14 tanques à Ucrânia, uma vez que são de fabrico alemão, a Alemanha tem de aprovar o fornecimento.

Piotr Muller disse também que o Governo alemão já “recusou ajudar a Ucrânia em primeira instância” noutras situações, como por exemplo, quando se discutiu o envio de mísseis Patriot.

"Neste caso, a ofensiva diplomática conjunta da Polónia e de outros países, nossos aliados, levou os alemães a alterar esta decisão. Infelizmente, tem sido semelhante desde o início da guerra, quando logo após o início da guerra, o Primeiro-Ministro Mateusz Morawiecki esteve em Berlim, Olaf Scholz absteve-se definitivamente de quaisquer movimentos que pudessem apoiar a Ucrânia", atirou o porta-voz polaco.

Zelensky agradece ajuda internacional

Após uma conversa telefónica com o chanceler alemão, Zelensky sublinhou que a mudança na posição alemã sobre esta matéria também inclui "a luz verde para outros aliados fornecerem armas semelhantes", já que países como a Polónia precisavam do aval da Alemanha para enviar os Leopard em sua posse.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dimitro Kuleba, reconheceu como estando já formada uma "coligação de tanques", referindo-se aos diversos países que mostraram disponibilidade para enviar os carros blindados de fabrico alemão.

"Todos aqueles que duvidaram que isso aconteceria, vejam agora: para a Ucrânia e para os seus aliados nada é impossível", disse Kuleba.

O chefe da diplomacia ucraniana pediu a outros países que "se juntem a esta coligação e entreguem o maior número possível" de Leopard 2.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, que, tal como Kuleba, aplaudiu a formação de uma "coligação", também agradeceu o gesto dos aliados.

Rússia diz que decisão alemã vai “prolongar o sofrimento ucraniano”

A embaixada russa na Alemanha já reagiu ao sucedido afirmando que esta decisão vai agravar o conflito e destruir o que resta da confiança entre os países.

Causará também danos irreparáveis às relações russo-alemãs, perspetiva o embaixador russo Sergey Nechaev

O diplomata acrescenta que os veículos de fabrico alemão vão “prolongar o sofrimento ucraniano” e que o Ocidente “está iludido em pensar o contrário”.

Sergey Nechaev acredita que esta é uma decisão “extremamente perigosa” que leva o conflito para "um novo nível de confrontação e contradiz as declarações dos políticos alemães" que já disseram que o país não se pretende envolver na guerra.

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