A guerra arrasta-se e traz um Natal que há um ano parecia inimaginável para o mundo. Os ucranianos continuam a dar provas de enorme coragem, resistência e sacrifício e mesmo nas trincheiras é Natal.
Um grupo de teatro de Kharkiv foi até à frente de combate para partilhar um pouco de arte e música com os soldados da Guarda Nacional da Ucrânia.
Alguns soldados decidiram celebrar o Natal seguindo as datas da igreja Católica. A cerca de 100 quilómetros de Bakhmut, não prescindiram de alguns pratos tradicionais ucranianos, com batata, peixe, couve, cogumelos e fruta.
"Os russos não vão fazer-nos desistir das nossas tradições", afirma um dos soldados.
À distância, Maryna Sokolova e os cinco filhos passaram juntos a noite de consoada. Mais uma sem o marido e o pai. Ainda assim, apesar da falta de rede na linha da frente, os soldados das Forças de Defesa Territorial da Ucrânia conseguiram aproximar-se da família.
Resistir à Rússia significa também celebrar o Natal em 25 de dezembro
Alguns ucranianos ortodoxos decidiram celebrar este ano o Natal em 25 de dezembro, em vez de 7 de janeiro, como era habitual e como fazem os russos, numa decisão que dizem estar ligada à guerra.
A ideia de comemorar o nascimento de Jesus em dezembro era considerada radical na Ucrânia até há pouco tempo, mas a invasão da Rússia, lançada em 24 de fevereiro deste ano, mudou muitos corações e mentes.
Em outubro, a liderança da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, que não está alinhada com a igreja russa e um dos dois ramos do cristianismo ortodoxo no país, concordou em permitir que os fiéis celebrassem o Natal em 25 de dezembro.
A escolha tem claros tons políticos e religiosos numa nação com igrejas ortodoxas rivais e onde ligeiras revisões aos rituais podem ter um forte significado numa guerra cultural que decorre paralelamente à guerra militar.
Para algumas pessoas, a mudança de datas representa uma separação da Rússia, da sua cultura, e da religião.