Guerra Rússia-Ucrânia

Corte de gás russo pode levar Comissão Europeia a declarar emergência

O racionamento e a redução do fluxo serão medidas de último recurso.

INA FASSBENDER

Lusa

Bruxelas pode declarar uma situação de emergência na União Europeia (UE) ou regional perante um eventual corte do fornecimento de gás russo, com o racionamento e a redução do fluxo a serem medidas de último recurso.

A medida está prevista no regulamento relativo à segurança do aprovisionamento de gás, que surgiu após crises energéticas anteriores e pela tomada de medidas após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, que prevê que "a Comissão [Europeia] possa declarar uma emergência da União ou uma emergência regional para uma região geográfica especificamente afetada, a pedido de um ou mais Estados-membros", refere o executivo comunitário no rascunho de um pacote que será publicado na quarta-feira e ao qual a Lusa teve acesso.

"Nesses casos, a Comissão coordena as ações dos Estados-membros interessados e pode atuar como moderador se forem introduzidas medidas que possam restringir indevidamente o fluxo de gás para outros Estados-membros", visando então "assegurar que o gás flua para os países e clientes mais afetados numa emergência."

"Poupar gás para um inverno seguro", o plano europeu de redução da procura de gás para proteger a União Europeia contra eventuais cortes no fornecimento russo.

No documento, Bruxelas explica que, ao abrigo do regulamento relativo à segurança do aprovisionamento de gás, "os Estados-membros devem ter planos de ação nacionais de prevenção e planos de emergência baseados em avaliações de risco comuns realizadas por grupos regionais organizados", sendo definidos três níveis nacionais de crise (alerta precoce, alerta e emergência).

"As medidas que os Estados-membros podem tomar em cada um destes níveis são definidas nos planos de emergência nacionais de segurança do aprovisionamento de gás", adianta a Comissão Europeia, concluindo que "o princípio geral é que as restrições do fluxo de gás, o racionamento e a redução do fluxo são tomadas como último recurso, quando todas as outras opções - tais como opções alternativas de troca de combustível - tiverem sido esgotadas".

Em causa está um rascunho, a que a Lusa teve acesso, do plano de emergência para a próxima estação fria que a Comissão Europeia divulgará na quarta-feira, sugerindo que se "poupe gás para um inverno seguro", numa altura em que se teme rutura total do fornecimento russo à Europa devido às tensões geopolíticas pela guerra da Ucrânia.

No pacote, são propostas medidas como a criação de campanhas nacionais de sensibilização, a redução do aquecimento e da refrigeração e ainda a criação de sistemas de leilões ou concursos públicos para incentivar a diminuição do consumo, como das indústrias.

A guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa do país no final de fevereiro passado, agravou a crise energética em que a UE já se encontrava, com os receios de redução de abastecimento (nomeadamente por parte do fornecedor russo Gazprom) a levarem a preços de energia historicamente elevados e voláteis, contribuindo para a inflação e criando o risco de uma nova recessão económica na Europa.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado .A procura de gás representa 24% do consumo interno bruto global de energia na Europa.

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