Foi há precisamente quatro meses que começou a guerra na Ucrânia. Inicialmente, a Rússia queria conquistar Kiev, mas nos últimos dias Moscovo passou a concentrar as operações militares no leste do país.
“Decidi conduzir uma operação militar especial. O objetivo é a proteção do povo que, durante oito anos, sofreu de abuso e genocídio por parte do regime de Kiev”, anunciou o Presidente russo a 24 de fevereiro.
Já passaram quatro meses desde que Vladimir Putin fez este anúncio. Minutos depois começaram
a cair os primeiros mísseis na Ucrânia.
Moscovo tinha dito que iria conquistar o país em apenas três dias. Mas o plano não correu como o
previsto. Aos 121 dias, a guerra continua e sem fim à vista.
Inicialmente, era Kiev o principal alvo da ofensiva e foi depressa que a operação militar chegou
às portas da cidade.
Mas, a resistência que encontraram foi tanta que os soldados russos foram mesmo obrigados a recuar.
Ainda assim, ao mesmo tempo, na zona Sul, a Ucrânia perdia o controlo sob Kherson. A Rússia
não conseguiu passar por Mykolaiv, a grande cidade antes de Odessa, o principal acesso ao Mar
Negro.
Depois de centenas de bombardeamentos, há episódios que marcaram a memória do mundo. É
o caso do massacre em Bucha ou em Irpin, nos arredores de Kiev. Para trás restam apenas as marcas de uma destruição sem fim.
Dias depois, Moscovo arrasou Mariupol. A segunda maior cidade portuária da Ucrânia. Durante
mais de um mês Azovstal foi um símbolo da resistência. Mais de dois mil soldados fizeram
da metalúrgica uma trincheira.
Renderam-se no final de maio. Foram retirados a conta-gotas e levados para zonas controladas
pela Rússia mas que pertencem à Ucrânia.
Agora, Moscovo concentra-se no leste do país. Os bombardeamentos continuam na região do
Donbass.
Vladimir Putin quer controlar totalmente as regiões de Donetsk e Lugansk. A ideia deverá ser
também avançar em direção a Odessa.
Neste momento, todas as zonas já tomadas pela Rússia representam cerca de 20%
do território ucraniano, quase 125 mil quilómetros quadrados.
Diplomacia e sanções contra a Rússia
No campo da diplomacia, a NATO tem vindo a aplicar sanções à Rússia. A União Europeia já
aplicou um embargo ao petróleo.
A Finlândia e a Suécia avançaram com as candidaturas à NATO. Bruxelas aprovou entretanto
a candidatura da Ucrânia à União Europeia.
Centenas de milhares de euros foram doados a Kiev para apoio militar e humanitário.
Até agora, há um soldado de Moscovo que foi condenado a prisão perpétua. Ainda assim, há
pelo menos treze mil casos de alegados crimes de guerra a ser investigados.
Desde o início da invasão já deverão ter morrido mais de 20 mil civis. E seis milhões
deixaram tudo para trás e fugiram do país. A maioria com destino à Polónia.
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