O destino da região ucraniana de Kherson, controlada pelas tropas russas, deve ser decidido pelos seus habitantes, defendeu esta quarta-feira a Presidência russa (Kremlin), depois de as autoridades pró-russas daquela região terem avançado que vão pedir a anexação pela Rússia.
“São os habitantes da região de Kherson que devem decidir se haverá ou não um pedido [de entrada] ” na Federação Russa, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Horas antes, um representante das autoridades pró-russas em Kherson garantiu que a região vai solicitar a anexação pela Rússia.
“Será feito um pedido [ao Presidente russo, Vladimir Putin] para integrar a região de Kherson como uma província de pleno direito da Federação Russa”, afirmou o diretor-adjunto da administração local militar-civil, Kirill Stremoussov, em declarações feitas às agências de notícias russas.
A região de Kherson foi conquistada pelo exército russo durante a ofensiva lançada em fevereiro por Moscovo contra a Ucrânia.
Stremoussov, que já tinha anunciado, no final de abril, que Kherson iria começar a usar rublos em maio, acrescentou também que, até ao final do ano, a região planeia “adotar por completo a legislação da Federação Russa”.
Segundo o mesmo responsável, as autoridades pró-Rússia estão também a negociar a abertura de um banco russo com filial em Kherson já no final de maio.
Sublinhando que “são os habitantes de Kherson que devem decidir seu futuro”, o Kremlin assegurou que o eventual pedido de admissão na Federação Russa deve ser avaliado “de forma exaustiva” por juristas.
“Estas decisões devem ter um fundo legal absolutamente claro e ser absolutamente legítimas, como foi o caso da Crimeia”, onde foi realizado um referendo em 2014, disse o porta-voz do Kremlin.
Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, na Ucrânia, e apoiou uma rebelião separatista na região do Donbass, centro industrial do leste do país.
Vladimir Putin já disse considerar o reconhecimento pela Ucrânia da soberania russa sobre a Crimeia e o reconhecimento da independência das regiões separatistas como condições-chave para interromper a ofensiva em curso.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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