Cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.
1 – PELO MENOS DUZENTOS MORTOS EM KREMINNA, PRIMEIRA CIDADE CAPTURADA PELOS RUSSOS NO DONBASS
O Ministério da Defesa da Ucrânia anunciou, esta terça-feira, que a ofensiva russa no Leste da Ucrânia está em marcha, confirmando a informação avançada pelo presidente Zelensky na segunda à noite. Está em marcha essa grande batalha: pelo menos 200 mortos em Kreminna, uma cidade de mais de 18.000 pessoas a cerca de 560 quilómetros a sudeste da capital, Kiev, e que parece ser a primeira cidade capturada na grande ofensiva russa no leste da Ucrânia.
O governador de Lugansk, Serhiy Gaidai, anunciou esta terça-feira que as forças russas já controlam Kreminna, no Donbass. “Os nossos soldados tiveram de se retirar”, referiu, garantindo, ainda assim, que os ucranianos continuam a lutar a partir de outras posições. “Atacaram por todos os lados”, referiu, revelando que pelo menos 200 pessoas morreram. O número de vítimas mortais será, no entanto, “muito superior”. Entretanto, os navios da frota russa no Mar Negro afastaram-se 200 quilómetros da costa ucraniana, embora “a ameaça de ataques de mísseis permaneça”, declarou hoje o Comando Operacional Sul do Exército ucraniano, citado pelo portal Pravda. “Na zona operacional do Mar Negro, grupos hostis de mísseis e navios de desembarque afastaram-se da costa ucraniana em quase 200 quilómetros”, referiu a fonte. “Mas o bloqueio (naval) e a ameaça de ataques com mísseis permanecem”, segundo o Comando Militar ucraniano.
2 – “BOMBARDEAMENTOS ININTERRUPTOS” EM KHARKIV
A denúncia é de Igor Terekhov, autarca de Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana e capital da Ucrânia durante o tempo soviético: desde domingo, e sobretudo nas últimas 24 horas, vários distritos da região de Kharkiv têm sido alvo de intensos e constantes bombardeamentos. Terekhov acusa os russos de terem como alvos civis pacíficos e indefesos: “Muitas pessoas estão feridas e algumas infelizmente mortas. No último dia e meio, tivemos 15 pessoas mortas e mais de 50 feridas”.
Quanto a Mariupol, o líder checheno pró-Moscovo Ramzan Kadyrov, que está a combater com as suas forças na Ucrânia, disse que a cidade de Mariupol será “libertada” nas próximas horas, apesar da resistência ucraniana. Numa declaração inicial na rede social Telegram, citada pela agência oficial russa TASS, Kadyrov disse que a cidade portuária no leste da Ucrânia será conquistada ainda hoje, mas posteriormente acrescentou que isso poderá acontecer na quarta-feira.
3 – FRANÇA PASSA A DEFENDER EMBARGO TOTAL AO PETRÓLEO RUSSO
Paris passou a defender o embargo europeu ao petróleo russo. Também a Dinamarca quer deixar de importar gás russo a partir de 2023. Copenhaga vai aumentar temporariamente a produção própria de gás natural no Mar do Norte para deixar de receber os fornecimentos da Rússia a partir de 2023, de acordo com um plano apresentado hoje pelo Governo de Copenhaga. “Vamos fazê-lo ‘com os olhos bem abertos’. Até que a produção de biogás seja suficiente para cobrir todas as necessidades, estamos convencidos de que é melhor extrair mais gás do Mar do Norte do que o comprar a (Presidente russo Vladimir) Putin”, disse em conferência de imprensa a primeira-ministra social-democrata, Mette Frederiksen. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, vai deslocar-se a Kiev “nos próximos dias” para se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não tendo sido revelada a data exata por motivos de segurança, segundo fontes do executivo. Pedro Sánchez já tinha anunciado na segunda-feira a reabertura “dentro de poucos dias” da embaixada espanhola em Kiev, como sinal do compromisso da sociedade espanhola para com o povo ucraniano.
4 – MOSCOVO GARANTE QUE GUTERRES NÃO TENTOU FALAR COM PUTIN DESDE A GUERRA
O secretário-geral da ONU, António Guterres, não tentou entrar em contacto com o Presidente russo, Vladimir Putin, desde o início da invasão russa na Ucrânia, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. A Reuters adianta que a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, disse que “ninguém entrou em contacto, nem através da missão permanente da Rússia na ONU, nem diretamente com o Ministério”. O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, confirmou que Moscovo está a iniciar uma nova etapa do que chama de operação militar especial na Ucrânia. Em entrevista ao canal de TV India Today, Lavrov previu que seria um “momento muito importante”.
5 – RÚSSIA EXPULSA 36 DIPLOMATAS BELGAS E HOLANDESES
Moscovo anunciou, esta terça-feira, a expulsão de 36 diplomatas belgas e holandeses em retaliação contra uma medida semelhante tomada pela Bélgica e pelos Países Baixos contra a ofensiva russa na Ucrânia. Os 36 visados são 21 diplomatas belgas e 15 holandeses (14 funcionários da embaixada em Moscovo e um do consulado geral holandês em São Petersburgo), de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Os diplomatas expulsos terão de deixar a Rússia nas próximas duas semanas, adiantou a mesma fonte.