Guerra no Médio Oriente

Vuelta: manifestações pró-Palestina impediram a consagração dos vencedores

Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola fosse o maior de sempre num evento desportivo, ninguém conseguiu travar os manifestantes, que invadiram o circuito final da etapa e 'travaram' o pelotão a 56 quilómetros da meta, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech.

Rodrigo Jimenez

Lusa

Os manifestantes pró-Palestina pararam este domingo definitivamente a 80.ª Volta a Espanha, impedindo que a última etapa chegasse ao fim e que o campeão Jonas Vingegaard e o seu 'vice', o ciclista português João Almeida, fossem consagrados no pódio final. 

Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola fosse o maior de sempre num evento desportivo e o maior desde a cimeira da NATO, em 2022, ninguém conseguiu travar os manifestantes, que invadiram o circuito final da etapa e 'travaram' o pelotão a 56 quilómetros da meta, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech.

A última imagem que se viu do campeão Vingegaard nesta Vuelta foi a do camisola vermelha a entrar no carro da sua Visma-Lease a Bike, com o pelotão a desmobilizar por completo e a ficar privado da festa de consagração "por motivos de segurança", como confirmou a organização tardiamente numa publicação nas redes sociais.

Assim, João Almeida ficará sem uma memória gráfica do seu melhor resultado de sempre numa grande Volta: foi segundo, a 01.16 minutos do dinamarquês, e igualou Joaquim Agostinho, que também foi vice-campeão da Vuelta em 1974.

Este é o segundo pódio do ciclista da UAE Emirates, de 27 anos, numa prova de três semanas, após ter sido terceiro no Giro2023, posição que nesta edição da Volta a Espanha foi ocupada pelo britânico Thomas Pidcock (Q36.5), que ficou a 03.11 de Vingegaard.

Formação neerlandesa celebrou o quinto triunfo nas últimas cinco edições da prova espanhola

Antes de o pelotão entrar em Madrid e de a corrida ter sido definitivamente parada pelos manifestantes, houve tempo para as 'fotos de família', com a Visma-Lease a Bike a perfilar-se para eternizar a vitória do seu líder, com o seu equipamento comemorativo em tons de preto e vermelho, nos primeiros quilómetros dos 103,6 desde Alalpardo. 

A formação neerlandesa celebrou o quinto triunfo nas últimas cinco edições da prova espanhola - Primoz Roglic ganhou entre 2019 e 2021 e Sepp Kuss em 2023 -, enquanto Vingegaard se tornou no 14.º corredor da história a vencer a Vuelta e o Tour (2022 e 2023).

A Visma-Lease a Bike garantiu o segundo triunfo numa 'grande' esta temporada, após ter vencido o Giro com Simon Yates, e derrotou novamente a UAE Emirates, que conquistou 'apenas' o Tour com Tadej Pogacar.

A formação de João Almeida teve como 'ténue' consolação o triunfo por equipas, numa edição em que ganhou sete etapas, uma das quais com o português, o mais forte no alto do Angliru.

Ao pódio desta 80.ª edição teriam também subido Jay Vine (UAE Emirates), 'rei' da montanha pelo segundo ano consecutivo, Matthew Riccitello (Israel-Premier Tech), o melhor jovem, e Mads Pedersen, o dinamarquês que juntou a camisola dos pontos da Vuelta (que já tinha conquistado na sua única participação anterior, em 2022) à do Giro2025.

A Lidl-Trek venceu, assim, a camisola dos pontos nas três grandes Voltas esta temporada, já que também levou para casa a do Tour, com Jonathan Milan.

Nesta conturbada Vuelta, que 'obrigará' pelo menos a União Ciclista Internacional a refletir, Ivo Oliveira (UAE Emirates) concluiu a sua terceira 'grande', terminando na 109.ª posição da geral, a 03:31.41 horas de Vingegaard. 

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