Guerra no Médio Oriente

Israel bombardeia capital da Síria

Sem esperar pelos tempos da diplomacia, Telavive, que nos últimos dois dias tinha atacado posições sírias junto à fronteira israelita, decidiu enviar esta mensagem inequívoca de que não vai tolerar uma presença militar de Damasco em território que considera estratégico.

Sofia Arêde

Aviões da força aérea israelita bombardearam, esta quarta-feira, o quartel-general das forças armadas sírias, num dos pontos mais sensíveis da capital, a poucos metros do palácio presidencial. Israel diz que agiu para proteger a comunidade drusa junto à fronteira e manter a região fronteiriça desmilitarizada. 

Os bombardeamentos que abalaram o centro de Damasco, e que acabariam por ser transmitidos em direto pela Aljazeera, a influente rede de televisão estatal do Qatar, terão apanhado de surpresa o novo regime sírio. 

Sem esperar pelos tempos da diplomacia, Telavive, que nos últimos dois dias tinha atacado posições sírias junto à fronteira israelita, decidiu enviar esta mensagem inequívoca de que não vai tolerar uma presença militar de Damasco em território que considera estratégico e onde vive uma parte da minoria árabe drusa, que Israel diz ter a obrigação de proteger. 

Sudoeste da Síria sob tensão

Nos últimos dias, a zona de Sweida, no Sudoeste da Síria, foi palco de violência sectária entre milícias drusas e beduínas, que Israel diz serem uma das bases de apoio do movimento que derrubou o regime de Bashar Al Assad, no final de 2024. 

Com a região em ebulição, Damasco decidiu enviar forças para esta zona de fronteira, onde Telavive não quer qualquer presença militar susceptível de ser considerada uma ameaça à segurança de Israel. 

Depois do anúncio de um cessar-fogo que não foi respeitado, cerca de três centenas de pessoas, a maioria da comunidade drusa, terão morrido em combates com tropas governamentais sírias. 

Israel pode abrir nova frente de guerra

Depois de Gaza, do Líbano e do Irão, Israel pode estar a abrir uma nova frente de guerra. O ataque foi condenado pelo Conselho de Cooperação do Golfo, formado por seis países do Golfo Pérsico, como o Qatar e a Arábia Saudita. 

A organização classificou os bombardeamentos sobre Damasco como uma flagrante violação da soberania síria e uma ameaça à estabilidade e segurança de toda a região.  

Entretanto, as milícias drusas e as forças governamentais sírias anunciaram um novo cessar-fogo.  

Em dezembro de 2024, durante a queda da dinastia Assad, as forças israelitas lançaram sobre a Síria centenas de ataques que visaram aniquilar os arsenais de armamento do país, pelo que a capacidade de resposta militar da nova liderança em Damasco, estará limitada. 

Estará também politicamente condicionada pelas relações diplomáticas e económicas que tem procurado fomentar.    

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