Guerra no Médio Oriente

Taysir perdeu a mãe, o pai e os irmãos estão feridos e corre o risco de as mãos lhe serem amputadas

O impasse que o poderoso Donald Trump não resolve ceifa dezenas de vidas todos os dias. Gaza é um cemitério já com quase 60 mil campas. Os que resistem - num território super-povoado - estão a um passo da fome global.

Pedro Coelho

Meio milhão de palestinianos já enfrenta a tragédia da fome. Relatórios internacionais apontam para um cenário muito mais grave do que no ano passado e alertam que, até setembro, a fome poderá atingir quase toda a população nos territórios ocupados. No terreno, os ataques continuam, apesar das negociações de paz no Qatar.

A história de Taysir Mansour, jovem de 17 anos, ilustra 21 meses de guerra.

Taysir é um dos mais de 130 mil feridos. Os jornalistas que o entrevistaram não o escolheram por acaso. Taysir perdeu a mãe na guerra, o pai está ferido, os dois irmãos também. Mas as marcas de Taysir são dolorosamente profundas. Está preso a uma cama, dependente do pai. Sem o tratamento adequado, as mãos acabarão por ter de ser amputadas.

Taysir é um sobrevivente, que, como tantos em Gaza, precisa desesperadamente de ajuda.

Na longa lista de mortos 20 mil são crianças. Na longa lista de feridos muitos milhares são crianças.

Manifestantes israelitas mostraram as caras de algumas dessas crianças numa manifestação pacifica - silenciosa - a exigir o fim do massacre em Gaza.

A extrema direita que controla o governo de Benjamin Netanyahu não controla a voz do povo.

Para terminar a guerra, Netanyahu exige que as tropas de Israel permaneçam em 40% do território de Gaza, depois de assinadas as tréguas. Exigência que o Hamas, responsável pelo massacre de 7 de outubro e que governa Gaza desde 2007, não aceita.

O impasse que o poderoso Donald Trump não resolve ceifa dezenas de vidas todos os dias.

Gaza é um cemitério já com quase 60 mil campas. Os que resistem - num território super-povoado - estão a um passo da fome global.

Sem poderem pescar, porque Israel proibiu a pesca, sem linhas de distribuição de alimentos segura, os palestinianos da Faixa de Gaza enfrentarão a fome generalizada até final de setembro. 500 mil pessoas, um quarto da população, já não têm que comer

Últimas