Guerra no Médio Oriente

Egito prepara plano para reconstrução de Gaza "sem deslocar os palestinianos"

O país diz que está a preparar a reconstrução da Faixa de Gaza "de uma forma clara e decisiva que garanta que o povo palestiniano permaneça na sua terra e de acordo com os direitos legítimos e legais deste povo".

Motassem Abu Aser

SIC Notícias

O Egito pretende "apresentar uma visão abrangente para a reconstrução" da Faixa de Gaza, onde garante que os palestinianos permanecem nas suas terras, revelou na terça-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio.

O Cairo "espera cooperar" com o Governo do presidente norte-americano Donald Trump sobre este tema, depois do republicano ter dito que poderia suspender a ajuda ao Egito e à Jordânia se estes se recusassem a trabalhar no seu plano de assumir o controlo da Faixa de Gaza e transferir a sua população para estes países.

O ministério liderado por Badr Abdelatty explicou que o Egito está a considerar um plano que permitiria a reconstrução de Gaza "de uma forma clara e decisiva que garanta que o povo palestiniano permaneça na sua terra e de acordo com os direitos legítimos e legais deste povo".

O Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi, que no mês passado trocou convites para visitas de Estado com Trump, pediu também a reconstrução de Gaza "sem deslocar os palestinianos".

O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelatty, reuniu-se na segunda-feira com o homólogo norte-americano, Marco Rubio, em Washington e o Cairo emitiu posteriormente um comunicado rejeitando "qualquer compromisso" que atente contra os direitos dos palestinianos.

Jordânia aceita acolher crianças gravemente doentes de Gaza

O rei da Jordânia declarou-se, esta terça-feira, pronto para receber 2.000 crianças gravemente doentes de Gaza, numa reunião em Washington com o Presidente norte-americano.

Durante a reunião com Trump, o rei Abdullah II já tinha anunciado que o Egito iria apresentar um plano para os líderes árabes considerarem nas próximas negociações.

O plano de Trump para a Faixa de Gaza, que é esvaziar o território dos seus habitantes para o transformar numa vasta zona de desenvolvimento imobiliário sob o controlo dos Estados Unidos, desencadeou uma onda de indignação internacional.

Trump, que chegou a mencionar a suspensão da ajuda dos Estados Unidos à Jordânia caso esta não acolhesse os palestinianos deslocados, adotou agora um tom mais conciliador, afirmando que não era necessário "ameaçar" o país: "Penso que já ultrapassámos essa fase".

O multimilionário de 78 anos, antigo promotor imobiliário, também respondeu "não", quando um jornalista lhe perguntou se tencionava participar a título particular no projeto que está a elaborar para a Faixa de Gaza.

A reunião desta terça-feira decorreu numa altura em que o cessar-fogoem Gaza está fragilizado, depois de Trump ter, na segunda-feira, exigido que o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder naquele enclave palestiniano, liberte os reféns israelitas, o mais tardar no sábado, sob pena de ali se desencadear "um verdadeiro inferno" se não o fizer.

"Acho que não vão cumprir o prazo", disse Trump sobre o Hamas.

Depois da reunião com Trump, Rei da Jordânia manifesta oposição ao plano dos EUA para a Faixa de Gaza

Após o encontro de terça-feira, o rei Abdullah II garantiu, na rede social X, que manifestou ao republicano "firme oposição à deslocação de palestinianos em Gaza e na Cisjordânia ocupada", sublinhando que se tratava de uma "posição árabe comum".

"Insisti que o meu compromisso supremo era com a Jordânia, a sua estabilidade e o bem-estar dos jordanos", acrescentou o monarca, referindo-se aos anos de tensão e até aos confrontos armados que, no contexto do conflito israelo-palestiniano, marcaram a história do reino.

Quase metade dos 11 milhões de habitantes da Jordânia são de origem palestiniana.

"Reconstruir Gaza sem deslocar os palestinianos e abordar a terrível situação humanitária deve ser a prioridade de todos", escreveu Abdullah II na X.

Após mais de 15 meses de guerra no território palestiniano sitiado por Israel, entrou em vigor, a 19 de janeiro, um acordo de cessar-fogo negociado por mediadores internacionais - Qatar, Estados Unidos e Egito -, que prevê o fim das hostilidades, a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos e o aumento da ajuda humanitária a Gaza.

A Jordânia é um aliado fundamental dos Estados Unidos no Médio Oriente, mas Abdullah II rejeitou na semana passada "qualquer tentativa" de tomada de controlo dos territórios palestinianos ou de deslocação permanente dos seus habitantes.

Com Lusa

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