Guerra no Médio Oriente

Israel e Irão: "Nenhum está na disposição de parar e de não ficar com a última palavra. E assim a escalada não pára"

O comentador da SIC Germano Almeida faz uma análise às situações no terreno e política tanto no Médio Oriente como na Ucrânia, bem como a crescente tensão entre a China e Taiwan.

Germano Almeida

No Médio Oriente, Benjamin Netanyahu disse que agora que os alvos no Irão são militares e não nucleares ou petrolíferos. O primeiro-ministro israelita afirmou que ouve os Estados Unidos mas que vai tomar as suas próprias decisões sobre um possível ataque ao Irão.

"O tempo vai passando e a partir de agora há uma certa vantagem estratégica por parte de Israel porque o Irão sabe que Israel há-de fazer alguma coisa, não sabe é quando, não sabe onde e com que dimensão".

De acordo com o The Washington Post, Netanyahu disse à administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, durante uma chamada telefónica na quarta-feira passada, que tencionava atacar as instalações militares do Irão em vez de alvos petrolíferos ou nucleares.

"Há essa relação um pouco ambígua. Israel sabe que sem o apoio dos Estados Unidos não poderia, por exemplo, atingir o programa nuclear iraniano (...) No entanto, a partir dessa aparente vitória na pressão americana sobre Israel, Israel sentiu essa necessidade de dizer que quem decide o que vai fazer, a forma como vai fazer a retaliação é Telavive e isso não deixa de ser verdade".

EUA dão a Israel sistema que nunca deram à Ucrânia

Os Estados Unidos vão dotar Israel da bateria antiaéreas THAAD, bastante complexa, bastante sofisticada, uma espécie de complementaridade em relação aos Patriot. Os Estados Unidos, nestes 2 anos e meio da questão russa na Ucrânia, nunca deram à Ucrânia este sistema, que tem um alcance de 150 a 200 km na capacidade de intercetar mísseis balísticos de de curto médio alcance, explica Germano Almeida.

"Neste momento, os Estados Unidos e Israel já terão praticamente a certeza que, depois de uma retaliação israelita ao Irão, o Irão vai também querer retaliar. Esse é o grande problema do atual momento. É que perante dois poderes, Israel e Irão, neste momento em conflagração direta, nenhum dos dois estará na disposição de parar e de não ficar com a última palavra. E assim a escalada não pára".

Plano de Vitória de Kiev

O plano de Vitória de Kiev vai ser tornado público esta semana, depois de Zelensky ter apresentado pessoalmente a vários aliados europeus e, ao que tudo indica, ter conseguido uma aprovação por parte desses aliados.

"O apoio dos aliados à Ucrânia continua, isso é importante, sabemos no entanto que os riscos são enormes".

Germano Almeida refere a incerteza sobre o desfecho das eleições nos EUA e a autorização para a Ucrânia usar mísseis de longo alcance e armas de longo alcance ocidentais em território russo.

"A Alemanha tem relatórios que eu acho que não devemos desvalorizar nem relativizar, que apontam que a Rússia teria condições de, até ao final da década, até 2030, atacar território europeu e não só a Ucrânia, caso o nosso espaço europeu não dote de maior capacidade de defesa e não olhe essa essa ameaça de forma real, porque a Rússia quer afastar os Estados Unidos da Europa e alargar a sua esfera de influência".

Crescente tensão entre a China e Taiwan

A China iniciou esta segunda-feira exercícios militares em grande escala em torno de Taiwan e das suas ilhas periféricas, num "aviso" contra a independência do território, dias após Taipé ter reiterado a sua soberania.

"É muito preocupante (...) a China sabe que pode ter condições de passar a tornar real aquilo que anteontem à noite fez como a operação Sword 2024 foi a maior simulação (...) de uma eventual invasão a Taiwan, com navios e caças de guerra chineses, Taiwan considerou que é uma provocação. A China simulou a tomada de pontos estratégicos e, no fundo, mostrou ao mundo que, se quiser faz mesmo invasão a Taiwan".

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