Guerra na Síria

Da barbárie nas prisões à incerteza do futuro: a Síria em transição de poder

O regime de Bashar Al-Assad caiu, no último domingo, ao fim de mais de 50 anos. Os rebeldes declararam Damasco, após 12 dias de ofensiva.

Joana Costa de Sousa

A Síria está em plena transição de poder mas o futuro é incerto. Há receios por causa das ligações dos guerrilheiros que tomaram o poder a grupos radicais islâmicos. Os últimos dias têm mostrado também a brutalidade do regime de Assad, que agora chegou ao fim.  milhares de prisioneiros a serem libertados, com as Nações Unidas a denunciarem uma barbárie nas prisões sírias. 

Ao fim de 17 anos preso na Síria, Moaz Mouraab pôde finalmente abraçar os dois filhos. O antigo jornalista libanês era um dos milhares de prisioneiros do regime deposto de Bashar Al-Assad. 

Foi detido em 2007, quando atravessava a Síria numa viagem do Líbano para o Iraque. Conta que foi acusado de pertencer a uma organização terrorista e torturado na prisão. 

Logo apos a queda do regime de Assad, milhares de prisioneiros foram libertados. Multiplicam-se as denúncias de torturas, maus-tratos, execuções. 

ONU quer observadores, EUA também têm pedidos

A Organização das Nações Unidas fala em barbárie e exige o acesso de observadores independentes aos centros de detenção, pedido reiterado pelos Estados Unidos da América (EUA), depois de os rebeldes terem libertado um norte-americano e se terem comprometido a cooperar com Washington para encontrar outros raptados pelo regime de Assad. 

Na Turquia, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, também pediu aos rebeldes que destruam em segurança as reservas de armas químicas de Assad, que fugiu para a Rússia com a tomada de Damasco. 

Israel, que mantém a ocupação da zona tampão dos Montes Golã, ordenou às tropas que se preparem para continuar durante o inverno no Monte Hermon, uma localização privilegiada sobre Damasco. 

As celebrações e os regressos à Síria

Na capital, as celebrações, que se prolongam desde o passado domingo, prosseguem. Esta sexta-feira, milhares de pessoas, incluindo o primeiro-ministro interino, reuniram-se na mesquita para as primeiras orações desde a queda do regime na Síria. 

Foi na grande mesquita de Damasco que, há uns dias, também discursou o líder do movimento rebelde, que voltou a falar aos sírios, para pedir que celebrem de forma pacífica. 

Na expectativa de uma Síria livre e segura, milhares de refugiados estão a regressar a casa. Segundo as Nações Unidas, cerca de 7 milhões de sírios estão deslocados e outros 5 milhões vivem como refugiados. 

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