Os populares tomaram de assalto a prisão de Sednaya nos arredores de Damasco. À procura de pistas sobre os familiares desaparecidos, a multidão entrou no complexo onde foram torturados e assassinados nas últimas décadas milhares de opositores do regime de Bashar al Assad.
Ainda com celebrações e tiros em pilhagens e assaltos a edifícios estatais, a capital Síria viveu um dia relativamente calmo. A organização para a libertação do Levante, o movimento que tomou o poder no fim de semana, nomeou já um presidente de transição. Apelou ao entendimento entre os outros grupos opositores do regime deposto.
No norte, os rebeldes do Exército Nacional Sírio, apadrinhados pela Turquia, combatem e tentam conquistar território aos curdos das Forças Democráticas, que têm o apoio dos Estados Unidos.
No complexo xadrez sírio, as últimas 24 horas ficaram ainda marcadas pelos bombardeamentos norte-americanos a posições do Daesh no deserto.
"O foco é o ISIS [ em português Estado Islâmico do Iraque e da Síria], manter a pressão sobre o ISIS e vedar-he a capacidade de facilmente ressurgir”, diz Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA
A nível internacional, as atenções estão centradas na fuga para a Rússia do ditador Bashar al-Assad. Em Moscovo, foi já hasteada a bandeira da oposição na embaixada síria, mas o Kremlin recusa revelar o paradeiro de Bashar al Assad e da família.
Confirma apenas negociações com os rebeldes, para assegurar a retirada dos 4 mil militares russos destacados na base naval de Tartus, no Mediterrâneo, e nas bases aéreas em território sírio.
O Irão, o outro aliado do regime, lamentou a fuga das tropas governamentais e deixou o alerta para os dividendos que serão tirados por Israel de um eventual caos na Síria.
“O Irão tem uma preocupação especial: o aproveitamento que o regime sionista fará da situação e alguns movimentos já começaram na noite passada. Estamos preocupados com a recaptura de algumas partes dos Montes Golã”, diz Abbas Araghchi, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão
Contra as resoluções da ONU, Israel destacou tropas no fim de semana para a zona tampão dos Montes Golã. Ocupou posições no Monte Hermon. Não era pisado por um soldado israelita desde 1973 e do final da guerra do Yom Kippur.
Esta segunda-feira, os caças israelitas bombardearam ainda um paiol de armas químicas, na Síria. Ao final da tarde, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que os montes Golã pertencem até à eternidade a Israel.
À mesma hora, na Turquia, o Presidente Erdogan anunciou a abertura de um posto fronteiriço para o regresso dos refugiados. Mais de três milhões e meio de sírios terão fugido para o país vizinho nos últimos 13 anos.