Na véspera das eleições nos EUA, Manuel Poêjo Torres considera que ao longo da campanha “o melhor comunicador” foi Donald Trump porque “tem toda uma vida pública de contacto direto, a vender sempre qualquer coisa, seja o seu marketing, seja os seus produtos”. O comentador destaca também a linguagem bélica do candidato republicado, que se dirige aos adversários políticos como inimigos, algo pouco próprio de uma democracia. Sobre as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, Poêjo Torres lembra que os cenários serão muito distintos e explica porquê.
“Se Kamala ganhar, é uma linha dura, é uma linhagem que nós já vemos desde Barack Obama. Sabemos exatamente o que é que vai acontecer. Sabemos com quem é que Kamala Harris estará ao lado de e sabemos que, em princípio, o mundo e o sistema internacional poderão estar assegurados naquilo que é o respeito pelo direito Internacional”, refere o comentador da SIC.
A grande dúvida está em Donald Trump, que tem estado a dizer que vai resolve as guerras em poucos dias, “mas isso é falso, ninguém resolve guerras em dias, mesmo que corte financiamento aos seus parceiros e aliados, nomeadamente à Ucrânia. A guerra não acaba de repente, isso é certo".
Poêjo Torres explica que, com Trump, o financiamento à Ucrânia fica comprometido - “É o que diz neste momento. Donald Trump em campanha, é uma forma de alavancar votos. É um populista, é um populista a funcionar como populista e nesse sentido é brilhante. É brilhante porque consegue ter efeitos concretos em sede das urnas, em sede do momento eleitoral”.
“Em relação à NATO, Donald Trump referia-se àqueles que não contribuem de acordo com os 2%, como delinquentes. Portanto, Portugal é um Estado delinquente que, se for atacado, Donald Trump já prometeu que não vem ao auxílio de Portugal”, destaca ao comentador da SIC.
“Quem é que ganha com isto?”, questiona Poêjo Torres, e afirma: “Os adversários e os inimigos do Ocidente e que querem, obviamente, expandir a sua esfera de influência dentro daquilo que foram fronteiras dos territórios NATO”.
Em relação à guerra no Médio Oriente, se Donald Trump vencer, “teremos um arrefecimento da relação entre os EUA e a Europa Ocidental, mas provavelmente um aquecer do patrocínio da guerra contra o Irão. E qual dos dois é o melhor dos piores cenários? São ambos extremamente perigosos porque nós sabemos que o Irão e a Rússia estão feitos um com o outro. Existem interesses comuns, cujo objetivo é fragmentar os aliados americanos e neste momento, corremos o sério risco de ter Donald Trump na Casa Branca durante mais quatro anos, onde a Europa terá que assumir responsabilidades que nunca teve que o fazer no passado”, alerta o comentador da SIC.