Os camionistas brasileiros, apoiantes de Bolsonaro, voltam à estrada para contestarem o resultado das eleições presidenciais de domingo. Esta situação era expectável? Não necessariamente nesta dimensão, nem durante tanto tempo, considera Ricardo Costa. Ao realizar uma análise ao último ano de Bolsonaro no poder, conclui-se que o ex-Presidente estaria a "preparar o terreno" para uma parte dos apoiantes colocar em causa a contagem de votos.
“Nós estamos a falar da coisa mais perigosa que Jair Bolsonaro fez no último ano e meio. Desde o verão de 2021 pôs [o sistema eleitoral] sistematicamente em causa, levantando questões sobre a fiabilidade da contagem dos votos. E isso foi feito de uma forma sistemática”, defende Ricardo Costa.
Uma parte dos apoiantes de Jair Bolsoanro pertence a uma “tropa de choque”, mais radical, que “vive numa espécie de mundo alternativo”, ao trabalhar os grupos de Whatsapp e Telegram para implantar a ideia de que nas eleições deste ano, poderia haver uma fraude nas contagens.
Ricardo Costa sublinha que este protesto no Brasil não pode ser comparado ao ataque ao Capitólio, depois da derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.
Na ótica de Ricardo Costa, facto deste protesto pró-Bolsonaro durar cerca de três dias é “surpreendente”, porque depois do discurso ex-Presidente, o ambiente poderia ter acalmado. Ainda assim, Bolsonaro não incentivou o protesto depois de ter perdido as eleições, visto que o próprio disse que defendia a constituição brasileira, recorda Ricardo Costa.
Já muitos ponderaram o facto do protesto estar a ser movido por camionistas bolsonaristas e Ricardo Costa explica porquê.
“Houve sempre um namoro entre a Presidência de Bolsonaro e os camionistas. A história da revolta e dos protestos dos camionistas não é novidade e foi sempre trabalhada durante Presidência de Bolsonaro”.