Eleições Legislativas

Luís Montenegro: "O PS deixou o Estado todo partido e deixou o partido todo no Estado"

O discurso desta tarde do líder da Aliança Democrática deu o mote para o final da campanha eleitoral por parte da coligação que quer "uma mudança" no país. Montenegro realçou as desigualdades entre mulheres, homens, classes sociais e pediu um voto de confiança.

Maria Madalena Freire

Luís Montenegro, líder do PSD e da coligação Aliança Democrática, discursou esta sexta-feira na Estufa Fria, em Lisboa, para dar o mote final no último dia da campanha eleitoral. O social-democrata apelou à união do país e falou das desigualdades que ainda permanecem no país.

No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o homem que representa a Aliança Democrática, Luís Montenegro, empenhou-se em salientar, em primeiro lugar, o papel das mulheres presentes na sala .

“Estão aqui muitas mulheres que trabalham em diversas áreas, na administração pública, empresárias, e estão muitas mulheres que já deram ao longo da nossa história democrática um contributo para a vida do país e para momentos de superação, em que a comunidade portuguesa foi lançada a fazer um pouco mais”, destacou.

Depois, Montenegro, enumerou as mulheres que queria saudar, como Manuela Ferreira Leite, que discursou antes, Assunção Esteves, Leonor Beleza, Ana Rita Bessa, Cecília Meireles, Isabel Galriça Neto que, para o líder do PSD, “empurraram para fazer melhor”.

Nessa linha, Luís Montenegro quis saudar alguém em particular: Maria Cavaco Silva e os militantes da sala levantaram-se para aplaudir.

“Ela talvez não saiba, mas eu quero que a partir de hoje não tenha dúvidas que gostamos muito dela e do acompanhamento que fez ao longo de uma vida ao Aníbal Cavaco Silva”, frisou.

Depois, começou o discurso de candidato.

Apelou a quem mais precisa que vote na AD: aos que ainda estão a ponderar a analisar para “tomar a melhor opção” no domingo.

“Quero dizer, sabendo que há muita gente que está a finalizar o seu processo de reflexão, que vejam as diferenças entre todas as candidaturas, mas sobretudo entre as duas que disputam a liderança do Governo. Eu tenho todo o respeito por todos os partidos, mas é absolutamente certo que a opção que se vai tomar vai fazer eleger um primeiro-ministro vai fazer escolher uma política governativa”, salientou Montenegro.

Sobre as duas candidaturas “principais” para Montenegro existem mesmo muitas diferenças que “importa apresentar e sujeitar ao crivo dos eleitores”.

“O PS sempre que fala, fala zangado com uma parte da nação portuguesa, fala para atacar uma parte da nação portuguesa. Nós temos no mínimo a mesma intenção e se formos realistas temos muito melhores resultados para a vida das mulheres com os Governos PSD, CDS do que com os governos do PS. Uns querem dividir ainda mais o país, outros nós a AD queremos unir o país”, realçou o líder social-democrata.

Para Montenegro, a AD não olha para os eleitores portugueses como “funcionários de voto”.

Para o líder do PSD, um Governo que retira impostos às pessoas e depois “se vangloria de lhes estar a conceder uma parte dessas impostos é um Governo que não puxa pela verdadeira capacidade das pessoas”.

“É muito melhor para Portugal tirar menos rendimento, dar incentivo ao trabalho e mérito do que tratar como foram tratados, cobrando cada vez mais impostos sobre o rendimento do trabalho e fazer de conta que se estava a apoiar quem tinha ficado para trás”, referiu.

Para Luís Montenegro foi “uma grande insensibilidade do ponto de vista social” que na altura em que os portugueses foram obrigados a enfrentar uma carga enorme de impostos e aumento do preço do que é essencial, o Estado tenha cobrado “muito mais impostos do que os muitos que já tinha inscrito no OE”.

As diferenças para o PSD e CDS, salientou, assentam no facto da política fiscal social-democrata promover a justiça social e quer que “as pessoas sintam vontade de criarem valor, de atingirem melhores resultados, quer que as pessoas sintam que vale a pena trabalhar".

As desigualdades

Para além disso, Luís Montenegro quer que “quem arrisca”, ou seja, as empresas, tenham parte do seu rendimento disponível para inovar, investigar, aumentar salários e, consequentemente, reter os jovens no país.

“Esta é toda uma diferença. É evidente que hoje sentimos em Portugal muitas desigualdades, no acesso à saúde, na escola e isto criou um fosso grande entre quem tem uma boa condição económica e quem não tem”, exprimiu.

Para além disso, o líder reativou o discurso sobre a Mulher e disse que “hoje, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é uma evocação á família, á maternidade, quando filhos e netos de Portugal chegam à escola sem professor”. Isto cria desigualdades, segundo Luís Montenegro.

“Também as mulheres continuam a ter áreas de desigualdade viram a situação agravar-se, o fosso agravou-se o ano passado, continuamos em não conseguir colocar em cargos de direção mulheres, em função de falta de política pública que possa dar lhes uma boa conciliação entre a vida profissional e familiar. Temos fenómenos que têm de ser erradicados, violência doméstica, assédio. Um país que dignifica a condição da pessoa não pode conformar-se com esta realidade”, expressou.

Para além das mulheres, Luís Montenegro focou-se noutra camada social, na que tem fortemente tentado captar para roubar votos ao Partido Socialista: os pensionistas.

“Nós resistimos, vamos continuar a resistir e quando assumirmos a governação dos país vamos tratar no dia a dia a ampliar as pequenas questões, daremos primazia absoluta ao que tem impacto real na vida de cada português”, disse.

Ao contrário do que acusa o PS, o líder da AD quis frisar que não tiveram este comportamento porque tiveram em campanha, é porque “são mesmo assim”.

“Nós não vamos governar a pensar no título do jornal, nós vamos governar a pensar que há pessoas que querem ser retribuídas pelo seu esforço de trabalho, a olhar para os serviços públicos e dizer que o dinheiro dos impostos é para ser bem gerido”, exultou.

E, por fim, crítica diretamente o Partido Socialista e a sua governação: “Se há coisa que podemos concluir ao fim destes oito anos é que o PS deixou o Estado todo partido e deixou o partido todo no Estado”.

“Vamos acabar a campanha mais unidos do que nunca, cada vez a acreditar mais”, terminou.

Os portugueses vão a votos no dia 10 de março, domingo, para escolher os deputados que os vão representar na Assembleia da República.

Esta sexta-feira termina a campanha eleitoral e os partidos políticos estão a colocar toda a lenha na fogueira.

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