Eleições Legislativas

Debate? BE e CDU "trocam ideias" (a maioria em uníssono) e apontam raras divergências

Este domingo foi longo em debates para as eleições legislativas de dia 10 de março. O 2.º frente a frente decorreu na SIC Notícias, entre o Bloco de Esquerda e a CDU. Uma “troca de ideias”, como Paulo Raimundo lhe chamou, entre o espectro político do mesmo lado.

Mariana Guerreiro

BE e CDU, o que os distingue e o que cada um defende? O sorteio ditou que o arranque fosse dado por Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda e a “troca de ideias” começou logo com a “falsidade” que Pedro Nuno Santos disse, apontou a deputada.

O BE e a CDU comentaram o apelo à maioria de Pedro Nuno Santos para derrotar a direita. Mesmo sendo os dois partidos de esquerda, e que no passado fizeram parte da designada Gerigonça, Paulo Raimundo e Mariana Mortágua discordam do secretário-geral do PS.

Mariana Mortágua, que propôs um acordo pré-eleitoral ao PS, disse que o apelo de Pedro Nuno Santos é “esfarrapado” e “falso”, fazendo referência a 2015, quando o PS não teve uma maioria e mesmo assim não impediu uma maioria à esquerda.

“As pessoas devem saber o que as espera no dia a seguir às eleições”, sublinhou Mortágua.

Já o líder do PCP considerou que as maiorias se encontram na Assembleia da República, aproveitando, desde logo, também para apelar ao voto único nos comunistas.

“[Voto no PCP] é voto de protesto e soluções”, notou.

PCP quer maioria de esquerda “que obrigue o PS a vir”

O secretário-geral do PCP garante que tudo o que for positivo, pode contar com o contributo dos comunistas, sublinhando que CDU não diz que o PS é igual ao PSD.

"O problema não são as diferenças, é onde eles se assemelham".

Já questionado sobre se aceita ou não um acordo com o PS, Paulo Raimundo disse que a única forma de existirem avanços é constituir uma maioria no Parlamento "que obrigue o PS a vir", deixando claro que não exclui assinar um acordo com o PS.

“A única condição de obrigar o Partido Socialista a vir a posições positivas e a soluções para o país é constituir uma maioria à Assembleia da República que obrigue o PS a vir. Porque o PS não vai vir por opção própria, só vai vir e for obrigado”.

Habitação (para viver ou para passar férias?)

Mariana Mortágua referiu que o que é preciso são propostas para baixar os preços das casas e não propostas de recurso.

“É sempre positivo ajudar quem não consegue pagar um empréstimo”, começou por dizer Mariana Mortágua.

A líder bloquista considerou que as propostas dos outros partidos são de emergência e que “não atacam a raiz dos problemas”.

"Há zonas no centro de Lisboa onde existem mais unidades de alojamento local do que casas. Isso acontece no centro de Lisboa e no centro do Porto", acabando por lamentar a "expansão do número de hotéis".

Mortágua, fez referência às propostas do PS e de outros partidos que “colocam o dinheiro dos contribuintes para continuar a alimentar este monstro”. Por isso, controlar o alojamento local é, uma das medidas essenciais que o Bloco de Esquerda defende.

“Não há regras para controlar os preços das rendas, não há regras para baixar juros do crédito à habitação, não há medidas para aumentar a oferta”, acrescentou Mariana Mortágua.

Nessa mesma lógica de pensamento, Paulo Raimundo defende que as propostas dos adversários “deixam de fora todo o esforço que é preciso os fundos imobiliários e a banca”.

“Então estamos confrontados com a banca com 12 milhões de euros por dia e as pessoas apertadas?”, questionou Paulo Raimundo.

BE e PCP: convergências e divergências

Há convergências na habitação e questões laborais, com propostas próximas, mas também existem divergências, nomeadamente, no que diz respeito à cultura, eutanásia e à guerra na Ucrânia, explicou Mariana Mortágua.

Relativamente à eutanásia, PCP diz que acompanha a questão com “sensibilidade”, uma vez que se trata de uma situação “muito complexa”.

“Não damos o assunto por encerrado”, rematou Paulo Raimundo, abrindo espaço para um novo tema: as guerras.

Estando tanto o PCP como o BE contra a NATO, Mariana Mortágua considera que a União Europeia “precisa de ter voz própria”, no que diz respeito às questões geopolíticas e na cooperação para a defesa.

Já Paulo Raimundo reforça que é preciso “encontrar soluções de paz” e que a União Europeia, neste momento, “não é um elemento neutro”, pelo contrário, “é um interveniente direto na guerra”.

“As forças de paz têm de obrigar o nosso Estado a ter um papel diferente, não é a alimentar a guerra", rematou o PCP.

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