Coronavírus

Dose de reforço da vacina contra a covid-19 previne 71 em 100 infeções

Estudo português retira duas conclusões importantes: ao fim de seis meses após a toma do esquema vacinal primário (2 doses), a efetividade da vacina diminui em 50% enquanto que, após a toma da dose de reforço, a eficácia aumenta 70%.

Vacina contra a covid-19
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SIC Notícias

A eficácia das vacinas contra a covid-19 na prevenção de sintomas da doença aumenta em mais de 70% com a dose de reforço (3ª toma), revelam os resultados de um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). Por outro lado, a eficácia diminui para menos de 50% no período de 3 a 6 meses após completar o esquema vacinal primário (2 doses).

O estudo “COVID-19 vaccine effectiveness against symptomatic disease and severe outcomes, 2021-2022: a test-negative case-control study” – foi publicado na Public Health,

“A infeção por covid-19 terá menor probabilidade de levar à hospitalização, ao internamento nos cuidados intensivos, ou até à morte, em pacientes que tomaram uma dose de reforço da vacina, quando comparados com aqueles que apenas completaram o esquema vacinal primário, que correspondia às duas primeiras doses para as vacinas comummente denominadas Pfizer, Spikevax (antiga Moderna) e AstraZeneca e uma única dose para a vacina Jcovden (antiga Janssen)”.

O esquema vacinal primário completo diz respeito a duas doses. Atinge o pico de efetividade quando a segunda dose é tomada entre 14 a 90 dias (3 meses) após a primeira, chegando até aos 85%, ou seja, prevenindo 85 em 100 infeções sintomáticas.

Caso a toma da 2ª dose ultrapasse os 6 meses, a efetividade da vacina diminui para 34%.

Depois de completado o esquema vacinal primári, “a dose de reforço deve ser inoculada entre 14 a 132 dias (cerca de 4 meses) após essa última toma” para que a eficácia da vacina alcance 70%, sublinha o estudo realizado por uma equipa onde se inclui Cátia Brazete, Ana Aguiar e Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

“Assim sendo, concluímos que este período, entre 3 a 6 meses, seria o mais apropriado para administrar um reforço da vacina e restaurar a imunidade contra o vírus, que vai diminuindo ao longo do tempo. Este reforço é particularmente importante nos indivíduos mais vulneráveis, nomeadamente os que sofrem de doença respiratória severa ou imunodepressão.”, salienta Cátia Brazete, a investigadora principal.

Grupo de 1059 adultos com pelo menos um sintoma de covid-19

No comunicado enviado à imprensa, os investigadores explicam que o estudo envolveu um grupo de 1059 adultos, da região do Alto Minho, com uma média de idades de 56 anos, 58% dos quais mulheres.

“Estes participantes apresentavam pelo menos um sintoma incluído na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a covid-19 e recorreram a um serviço de urgência de um hospital público no Alto Minho entre 1 de novembro de 2021 e 2 de março de 2022 (período correspondente à quinta vaga da covid em Portugal, dominada pela variante Ómicron)”.

Sublinham ainda que levaram em conta a distinção entre participantes extremamente vulneráveis, nomeadamente indivíduos imunodeprimidos ou com doença respiratória grave, “pois, nestes casos, o risco de desenvolver sintomas graves após infeção por covid-19 é superior”.

Vacina adaptada à variante Ómicron

Na primeira avaliação em larga escala no mundo da vacina contra a covid-19 adaptada às novas variantes do vírus, divulgada no início de janeiro deste ano, concluiu-se que as vacinas adaptadas à variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2 reduzem em 81% as hospitalizações por covid-19 nas pessoas com mais de 65 anos.

A investigação concluiu também que as vacinas da farmacêutica Pfizer, atualizadas em relação à primeira versão, diminuíram o risco de morte devido à infeção pelo coronavírus nesta faixa etária em cerca de 86%.

As primeiras doses destas vacinas da Pfizer adaptadas às linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ómicron chegaram a Portugal em setembro de 2022.

Existem 8 tipos de vacinas em Portugal

Atualmente estão disponíveis em Portugal oito tipos diferentes de vacinas:

  • Comirnaty®
  • Spikevax® (anteriormente COVID-19 Vaccine Moderna®)
  • Vaxzevria® (anteriormente COVID-19 Vaccine AstraZeneca®)
  • Jcovden® (anteriormente COVID-19 Vaccine Janssen®)
  • Nuvaxovid®
  • Comirnaty Original/Omicron®
  • Spikevax bivalente Original/Omicron®
  • Vidprevtyn Beta®

Segundo o Ministério da Saúde, nos dois anos do programa de vacinação, entre primeiras doses e doses de reforço, foram administrados 26,5 milhões de doses.

Um balanço do Ministério da Saúde indica também que foram inutilizados quase 2,1 milhões de doses, por ter expirado o prazo de validade, correspondendo a 5,5% do total, uma das menores taxas de inutilização na Europa.

O Governo diz também que para otimizar as doses de vacinas disponíveis, Portugal procedeu desde 2021 à revenda e doação de vacinas, tendo já sido doados cerca de oito milhões de vacinas e revendidos mais de 2,5 milhões de doses.

Portugal recebeu 38,5 milhões de doses de vacinas, de diversas tecnologias, em articulação com outros países da União Europeia, num processo liderado pela Comissão Europeia.

De acordo com estimativas internacionais, as vacinas permitiram salvar cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.

Em Portugal, estima-se que as vacinas preveniram 1,2 milhões de infeções e evitaram cerca de 12 mil mortes.

Mais de 6,91 milhões de mortos no mundo

A covid-19 provocou mais de 6,91 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o último balanço da OMS.

O número de casos registados a nível mundial ascende a 764.474.387, a 28 de abril de 2023, três anos e quatro meses depois de declarada a pandemia.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

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