O Diretor-Geral da APED, Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, avaliou o novo momento do comércio em Portugal com otimismo, garantindo segurança nos espaços comerciais aos cidadãos, mesmo que num cenário de dúvida sobre o diploma relativo ao alívio das medidas de restrição.
"A verdade é que o diploma tinha algumas nuances difíceis de interpretar e nós tivemos a preocupação de, durante o dia de hoje, questionar a secretaria de Estado do comércio e a própria Direção-Geral de Saúde, no sentido de pedir um esclarecimento que nos deixasse completamente confortáveis. Não há qualquer dúvida relativamente à utilização da máscara por parte dos clientes que se dirigirem aos espaços comerciais com mais de 400 metros quadrados, havia a dúvida relativamente aos colaboradores e relativamente à forma como teríamos de manter um conjunto de regras, como o distanciamento, ou mesmo a disponibilização de álcool gel nesses espaços", refere.
Dúvidas essas que foram esclarecidas durante esta quinta-feira, em que se soube que os trabalhadores dos espaços comerciais têm de usar máscara quando estão em contacto com clientes.
Portanto, isto também é um mecanismo de segurança muito importante para os nossos colaboradores, e diria que também dirige uma confiança importante para os consumidores estarem nos espaços comerciais. Normalmente, a Direção-Geral de Saúde, quando saem estes diplomas, emite um conjunto de normas e procedimentos que, no fundo, são deste enquadramento legislativo. Estamos em crer, e a própria ministra da Saúde, deu a entender que, até amanhã, estas normas estariam cá fora, aguardamos serenamente", diz.
Gonçalo Lobo Xavier, promete, porém, que os espaços comerciais, "independentemente de estarmos a falar de espaços comerciais, dos supermercados ou do retalho especializado, estão satisfeitos com a boa notícia de abrir completamente as lojas e os espaços para os cidadãos poderem circular livremente sem limites de rácio e com a segurança a que nos habituaram".
As medidas de segurança, embora com o alívio das normas de restrição, são para manter.
"O que lhe posso garantir é que nós vamos usar todas as cautelas e, na dúvida, vamos manter uma série de procedimentos que garantam o total cumprimento, haja ou não interpretação dúbia do que está escrito. Nas palavras do primeiro-ministro, nos espaços abaixo dos 400 metros quadrados, os clientes não precisam de usar máscara. Mas também nos suscitaram dúvidas. Dentro dos centros comerciais, há muitas lojas que são inferiores a 400 metros quadrados. É nosso entendimento, e também falámos com a Associação dos Centros Comerciais, que, num centro comercial, é sempre necessário usar a máscara, independentemente de estar numa loja ou no corredor, e independentemente de a loja ser mais pequena.
O presidente da associação refere, porém, que "a letra da lei nem sempre esclarece este tipo de questões".
Gonçalo Lobo Xavier refere que foram manifestadas as dúvidas sobre a leitura dúbia do diploma.
"Durante o dia de hoje, nos vários contactos que tivemos com a secretaria de Estado do Comércio, fomos bem sucedidos. Sobretudo, a nossa preocupação também era para com os nossos colaboradores, porque havia uma ausência de clarificação, relativamente a, nestes espaços, os colaboradores terem de usar ou não os seus equipamentos de proteção individual. Está claro, agora, que são necessários estes equipamentos, nos locais onde os nossos colaboradores tenham contacto com o cliente. Naturalmente que, dentro das lojas, vamos continuar com a sinalética do distanciamento, vamos continuar a disponibilizar álcool gel até haver uma indicação em contrário", acrescenta Lobo Xavier.
O anúncio antecipado das alterações às restrições foi benéfico, de acordo com o presidente da APED.
"Quando se retiram obrigações, ou quando se retiram tantas proibições, acaba por ser sempre mais fácil. Nós passámos dezoito meses com um conjunto de restrições que se iam multiplicando semana após semana, e iam mudando em função da pandemia. Isso sim, do ponto de vista operacional, eu relembro que fechar zonas das lojas, impor acrílicos, disponibilizar álcool gel, tudo isto obrigou a limitar a entrada dos clientes nas lojas. Tudo isto foram questões operacionais que foram difíceis de gerir, até porque os esclarecimentos vinham quase em cima da data em que eram obrigatórios, e que nós tínhamos que ter as lojas prontas."
"Desta vez, o diploma acabou por sair na semana passada, para ser aplicado a partir de amanhã, e conseguimos, apesar de tudo, gerir um bocadinho melhor este processo, e esclarecer em tempo útil, e como disse há pouco, são regras que vão caindo, é diferente, é mais fácil, e diria que as pessoas e os consumidores vão-se adaptar, tal como nós nos adaptámos", acrescenta.
Mas a confiança dos consumidores, de acordo com Gonçalo Lobo Xavier, não será já restituída na totalidade, demorando algum tempo.
"Não posso deixar de dizer que me parece que os consumidores ainda vão demorar algum tempo a largar a máscara, porque foram muitos meses, muito duros, em que esta proteção foi encarada como essencial para combater a pandemia, e por muito que haja agora algum baixar da guarda nesta matéria, eu creio que os clientes ainda vão manter por algum tempo o uso da máscara, mesmo que ela não seja necessária nos tais espaços com menos de 400 metros quadrados."
O momento de alívio das restrições calha em boa hora para os consumidores.
"Isto é tudo positivo pois aproxima-se agora uma altura muito importante para o comércio, a época do Natal, que são meses muito importantes, e era preciso dar um sinal de confiança aos consumidores pela sustentabilidade das empresas", diz o presidente da associação.
Gonçalo Lobo Xavier considera que o comércio ainda vai a tempo de animar de se aproximar da recuperação do setor.
"Sim. Vamos manter os níveis de segurança para todos os cidadãos. Nós temos assistido alguma evolução positiva em alguns setores que foram muito prejudicados durante a pandemia: o setor da moda, dos brinquedos, do mobiliário, mas agora já estamos a sentir alguma recuperação. Claro que ainda vai ser um período de adaptação longo para que os consumidores regressem aos seus antigos hábitos, e o facto também de o teletrabalho deixar de ser altamente recomendado, naturalmente que também vai animar os vários negócios, quer na restauração, quer nos espaços comerciais. Isto dá-nos alguma esperança, não para recuperarmos totalmente as perdas relativamente ao período pré-pandemia, mas já se começa a sentir alguma recuperação e um nível de confiança superior dos consumidores."