A Organização Mundial de Saúde colocou hoje Angola entre os 13 países africanos prioritários na preparação para o novo coronavírus, devido às fortes ligações com a China, e enviou kits para 29 laboratórios no continente.
"A OMS identificou 13 países prioritários na região, que devido às suas ligações diretas ou grande volume de viagens para a CHina, precisam de estar particularmente vigilantes sobre o novo coronavírus (2019-nCoV)", lê-se num comunicado da OMS.
Além de Angola estão referenciados: Argélia, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Quénia, Ilhas Maurícias, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
"Desde o dia 22 de janeiro, a OMS recebe dezenas de alertas relativamente a possíveis infeções em 20 países", anunciou a organização, notando que "até ao princípio da semana só havia dois laboratórios, um no Senegal e outro na África do Sul, com capacidade para testar amostras e trabalhar em conjunto com os países da região".
Entretanto, acrescentam os peritos da OMS, quatro outros países anunciaram que já têm capacidade para testar amostras e diagnosticar casos de infeção - Gana, Madagáscar, Nigéria e Serra Leoa, mas ainda assim a OMS vai enviar "kits para 29 laboratórios na região, o que vai assegurar que existe capacidade de diagnóstico para o novo vírus e que podem também conduzir análises a amostras dos países vizinhos".
O tratamento no estágio inicial da infeção é vital para evitar o alastramento rápido do contágio, o que poderia assoberbar os frágeis sistemas de saúde da região, alerta a OMS.
Angola impõe quarentena a todas as pessoas que regressem da China
Entretanto, Angola impôs a obrigatoriedade de quarentena para todos os passageiros provenientes da China e tem atualmente sob observação 40 cidadãos que regressaram em voos nos últimos dias, anunciou o ministro das Relações Exteriores.
Segundo Manuel Augusto, a quarentena aplica-se a cidadãos angolanos, chineses ou de outras nacionalidades que cheguem a partir da China ou que tenham estado em contacto com pessoas afetadas, visando prevenir o contágio com o coronavírus que já provocou 563 mortos na China.
"Já temos um Hospital de Referência da Barra do Kwanza onde se encontram 40 cidadãos que chegaram nos voos há alguns dias", acrescentou o chefe da diplomacia angolana.
Manuel Augusto assegurou que o Governo "está a cumprir as normas internacionais" e a criar condições para preservar a saúde publica, admitindo que "as medidas não são simpáticas" e "podem perturbar a atividade económica” porque há “parceiros e trabalhadores que podem estar abrangidos por essa necessidade da quarentena".
Mas, frisou, "não há dinheiro que pague a saúde pública e, por isso, o Governo vai ser firme na execução dessa medida"
O governante declarou ainda que Angola está a trabalhar com as autoridades chinesas e as representações diplomáticas e consulares naquele país e mantém contacto permanente com os cidadãos angolanos e residentes na China.
"O mais recomendável é confiar nas medidas que as autoridades sanitárias estão a tomar para poder enfrentar esta epidemia", sublinhou, afastando para já a necessidade de repatriamento de cidadãos angolanos.
Garantiu, no entanto, que o Governo angolano tem acompanhado todas as situações relacionadas com os seus cidadãos na China.
Sobe para 563 o número de mortos devido ao coronavírus
A China elevou hoje para 563 mortos e mais de 28 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.694 novos casos.
A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica na terça-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
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