Apesar de terem nomes diferentes – porque variam na dose e na substância ativa –, todos estes medicamentos pertencem ao mesmo grupo: os agonistas do GLP-1. Um nome complexo que significa que são fármacos que imitam o efeito de uma hormona chamada GLP-1.
E é útil serem semelhantes a esta hormona, porque ela tem um papel muito importante na regulação do açúcar no sangue, garantindo que este se mantém em níveis adequados. Para além disso, faz com que a comida saia do estômago mais devagar, tornando a digestão mais lenta e prolongando a sensação de saciedade. Também no cérebro, ajuda a reduzir o apetite.
Por ter um papel tão relevante na regulação dos níveis de açúcar, estes medicamentos foram inicialmente estudados para tratar a diabetes. Mas percebeu-se que alguns deles levavam igualmente à perda de peso, tornando-se interessantes para o tratamento da obesidade.
A primeira linha de tratamento da obesidade é, na maioria das vezes, a alteração do estilo de vida. Mas, em alguns casos, pode fazer sentido recorrer a medicação. Como em indivíduos com IMC acima de 30 ou acima de 27 com alguma comorbilidade, que não tenham conseguido manter uma perda de peso depois de 3 a 6 meses e que não tenham contraindicações.
Raramente é uma solução por si só - já que na maioria dos casos, quando para a medicação, o peso volta a subir. Se não aliarmos a estes medicamentos mudanças estruturais no estilo de vida, dificilmente as coisas mudam a longo prazo.
Estado só comparticipa para diabéticos
Atualmente, esta medicação só é comparticipada pelo Estado se for prescrita a um utente com diagnóstico de diabetes. E, apesar de ser um tema controverso, compreende-se que seja injusto que quem tem obesidade e cumpre critérios para fazer tratamento tenha de pagar 200 ou 300 euros para ter acesso ao medicamento.
Se a obesidade é uma doença altamente prevalente, muitas vezes antecedendo a diabetes e a hipertensão, por que temos de esperar que estas apareçam para que o medicamento seja comparticipado? E se a cirurgia bariátrica é uma opção contemplada pelo SNS, não faria sentido que a medicação, quando indicada, também fosse?
Mas, até lá, a verdade é que se não tem diabetes, não tem direito a este medicamento de forma comparticipada – e estas são as regras.
Para os casos em que estas injeções não são usadas para tratar uma doença, mas sim para perder 3 ou 4 quilos até ao verão, é importante lembrar que qualquer medicação tem riscos. Estar indicada para obesidade não significa que possa ser usada de forma segura por pessoas saudáveis. Lembre-se de que não há injeção que resolva uma má relação com o corpo, com a comida ou com o peso.
Este tema dava para um podcast inteiro, mas hoje o mais importante é que saiba o seguinte: se tem obesidade ou diabetes e quer perceber mais sobre estas injeções, fale com o seu médico ou endocrinologista e procure uma abordagem multidisciplinar.
Se não tem obesidade nem diabetes, saiba que a toma do medicamento tem riscos, e que provavelmente há soluções mais adequadas para a sua situação.