Conflito Israel-Palestina

Incursão israelita no Líbano tem um "objetivo político"

O comentador da SIC, Ricardo Alexandre, entende que, neste momento, Netanyahu faz "ouvidos de mercador" em relação às indicações que chegam de Washington e que pedem cautela relativamente aos avanços bélicos na região.

SIC Notícias

Na noite de segunda-feira, Israel iniciou uma incursão terrestre "direcionada e delimitada" no Sul do Líbano, uma movimentação militar que serve os "objetivos políticos" do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considera o jornalista da TSF e comentador da SIC, Ricardo Alexandre.

Desde a noite passada, as forças fiéis a Telavive já atacaram "mais de uma dezena" de localidades no Sul, Centro e Leste do Líbano, através de bombardeamentos aéreos.

O jornalista considera que as expressões utilizadas pelo Governo israelita para adjetivar esta incursão - "limitada" e "delimitada" - "serve, sobretudo, para contar depois com o apoio dos Estados Unidos da América".

Entende que, neste momento, Netanyahu faz "ouvidos de mercador" em relação às indicações que chegam de Washington e que pedem cautela relativamente aos avanços bélicos na região.

Israel diz que os objetivos destes avanços passam por eliminar o Hezbollah, mas também fazer regressar a casa os habitantes das terras israelitas localizadas a Norte, que no último ano foram forçados a sair devido aos lançamentos de 'rockets' por parte do grupo militar pró-iraniano.

"Milhares de pessoas do Sul do Líbano foram forçadas a sair das suas casas, a tragédia humanitária vai ganhando contornos. Só de ontem para hoje aumentou o número de 140 mil para 160 mil de pessoas que foram obrigadas a sair de suas casas e estão em abrigos em escolas. Das 800 escolas que servem de abrigo, no Líbano, 600 já atingiram o limite de capacidade", revela.

Para além de querer que a população regresse às suas casas, Netanyahu tem também com esta incursão "um objetivo político":

"Conseguiu uma vitória interna, conseguiu humilhar o Irão e isso também faz parte da estratégia global de Israel."

O comentador da SIC acredita que Telavive tem capacidade para continuar com a mesma intensidade nas duas frentes de guerra – na Faixa de Gaza e no Líbano - "porque a capacidade do Hamas foi drasticamente diminuída" e o Hezbollah "também teve praticamente toda a sua estrutura de comando política e militar dizimada".

Ricardo Alexandre pronuncia-se ainda sobre a tomada de posse de Mark Rutte, que esta terça-feira assume a liderança da NATO:

"É um desafio enorme e que se torna mais complexo depois desta invasão terrestre porque os países da NATO vão ter mais dificuldade em criticar a Rússia e em continuar a fornecer armas à Ucrânia depois de apoiarem, de algum modo, a incursão no Líbano."
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