Conflito Israel-Palestina

Mais de 50 mortos em ataque a campo de refugiados em Gaza

Dois bombardeamentos por parte das forças israelitas mataram pelo menos 52 pessoas num campo de refugiados em Gaza. Nas últimas 24 horas morreram mais de 100 palestinianos.

OMAR AL-QATTAA

Lusa

Pelo menos 52 pessoas foram mortas hoje em dois bombardeamentos, atribuídos a Israel, contra um campo de refugiados na cidade de Gaza e arredores, segundo as autoridades do enclave palestiniano controlado pelo grupo islamita Hamas.

De acordo com o gabinete de imprensa do governo de Gaza, os bombardeamentos tiveram lugar no bairro de al-Tufa, no campo de refugiados de al-Shati, onde um quarteirão inteiro foi completamente destruído, e no bairro de al-Zaitun.

Pouco antes dos ataques, as Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram dois ataques contra "duas posições do Hamas" na cidade de Gaza, sem dar mais pormenores, embora fontes de segurança tenham indicado aos meios de comunicação israelitas que entre os alvos estaria um dos elementos mais proeminentes do Hamas, o seu chefe de operações, Raad Saad.

Segundo o Times of Israel, Saad foi alvo de um ataque do exército israelita ao hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, em março, mas os militares não encontraram vestígios dele.

"A zona do campo atingida situava-se nas imediações de uma mesquita. As equipas de salvamento continuam a procurar pessoas desaparecidas sob os escombros", segundo o comunicado palestiniano, divulgado pelo diário pró-Hamas Filastin.

O último balanço dos palestinianos mortos pela ofensiva do exército israelita, publicado antes dos ataques, mostra que pelo menos 101 palestinianos foram mortos e 169 feridos pelos bombardeamentos israelitas nas últimas 24 horas, o número mais elevado num só dia desde o ataque aéreo israelita em Nuseirat, durante uma operação de libertação de reféns, que matou cerca de 280 pessoas.

Na sexta-feira, um tiroteio de "alto calibre" perto da sede do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) provocou "um afluxo maciço de vítimas ao hospital de campanha" deste organismo, que "recebeu 22 mortos e 45 feridos", declarou o CICV.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou este sábado o ataque mortal e apelou a um "inquérito independente".

Entretanto, o diretor do hospital de Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, Hosam Abu Safiya, anunciou também neste dia que o número de crianças mortas no hospital devido a subnutrição tinha aumentado para quatro numa semana.

"Perdemos uma criança no berçário do hospital durante as últimas horas devido à desnutrição", disse Abu Safiya em declarações divulgadas pela imprensa local.

O médico explicou ainda que, nas últimas duas semanas, o hospital diagnosticou mais de 250 crianças com sintomas de subnutrição, alertando que a Faixa de Gaza "enfrenta uma verdadeira crise sanitária que afeta inicialmente as crianças e pode alastrar aos adultos".

Mais de 30 crianças morreram de fome em Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro.

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